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Direito e JustiçaSão Tomé e Príncipe

São Tomé: Mais cinco militares detidos por mortes no quartel

Lusa
11 de fevereiro de 2023

Cinco militares ficaram em prisão preventiva, por alegado envolvimento nos maus-tratos e mortes de quatro homens, após um assalto ao quartel. Vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas constituído arguido.

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Foto: Ramusel Graca/DW

De acordo com a mesma fonte, no total, 11 militares foram constituídos arguidos, tendo cinco ficado em prisão preventiva, após terem sido sujeitos ao primeiro interrogatório judicial, em tribunal. Os restantes seis ficaram sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência (TIR).

O vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Armindo Rodrigues, foi ouvido na terça-feira (07.02), tendo sido constituído arguido e ficado sujeito a TIR, avançou a mesma fonte. 

Os cinco militares agora em prisão preventiva juntam-se assim a outros seis que estavam já sujeitos à mesma medida de coação, num total de 11 presos preventivamente. 

Quatro mortos

Na madrugada de 25 de novembro, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que as autoridades classificaram como tentativa de golpe de Estado. O oficial de dia foi feito refém e ficou ferido com gravidade devido a agressões.

Sao Tomé und Principe | Arlecio Costa
Arlécio Costa, uma das vítimas mortaisFoto: Ramusel Graça/DW

Três dos quatro atacantes detidos pelos militares, e Arlécio Costa, um antigo combatente do batalhão Búfalo da África do Sul - detido posteriormente, em casa -, morreram horas depois no quartel.

Fotos e vídeos dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida e também já na morgue, e com militares a agredi-los, foram amplamente divulgadas nas redes sociais.

No início da semana, a mãe de Arlécio Costa apresentou uma queixa-crime e pediu a prisão preventiva do vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas e do ajudante de campo do primeiro-ministro, anunciou o advogado. 

"Já introduzimos o primeiro processo criminal, logo na segunda-feira (06.02), contra os assassinos, os suspeitos que nós já temos identificados ou que se permite identificar. Processo esse que é autónomo, independente do processo que o Ministério Público diz estar a organizar ou ter estado a organizar e de que até agora que não vimos qualquer tipo de resultados", disse à Lusa o advogado Carlos Semedo, que representa a mãe de Arlécio Costa e os familiares dos outros três mortos.

"Para já temos identificados desde o vice-chefe do Estado-Maior [Armindo Rodrigues] aos elementos subalternos, as patentes que lá estiveram - os capitães, os tenentes -, incluindo o ajudante de campo do primeiro-ministro [Wilker Viegas], porque a informação que temos é que o senhor esteve presente desde o início das operações e que assistiu efetivamente ao assassinato e, portanto, participou no assassinato", sublinhou Carlos Semedo. Wilker Viegas, fuzileiro, já foi ouvido pelas autoridades são-tomenses na qualidade de testemunha. 

Fonte judicial revelou à Lusa que o processo apresentado pela família de Arlécio Costa não poderá ser apreciado por já correr termos um processo sobre o mesmo caso.

Portugal Lissabon | Demonstration, Protest für Aufklärung von Ereignissen im Jahr 2022 in São Tomé und Príncie
Manifestação em Lisboa por justiça no caso da morte de quatro pessoas às mãos dos militares em São Tomé Foto: João Carlos/DW

Ministério Público garantiu "autonomia e isenção"

Na semana passada, o Ministério Público são-tomense garantiu que está a investigar com "autonomia e isenção" para apurar a verdade sobre "o assalto ao quartel" e a morte das quatro pessoas.

"Face à complexidade e à gravidade da situação, o Ministério Público, no cumprimento do seu estatuto de autonomia, objetividade e isenção, não deixará de utilizar todos os instrumentos legais que a lei lhe permite, aqui incluindo a cooperação internacional, nas suas diversas formas, e tudo fará para conseguir apurar a verdade dos factos ocorridos e a responsabilidade da autoria dos mesmos", referiu o procurador-geral da República, Kelve Nobre de Carvalho, em resposta a uma carta aberta do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, oposição).

O procurador-geral da República reafirmou as informações avançadas em dezembro, segundo as quais estão "em curso dois processos de instrução com a finalidade de investigar os acontecimentos relativos ao assalto ao quartel e outro com a finalidade de investigar as mortes ocorridas no interior das instalações militares".

Kelve Nobre de Carvalho referiu que no âmbito destes dois processos "entre inquirições e interrogatórios foram já ouvidas um total de 45 pessoas", sendo que seis arguidos estão em prisão preventiva no processo de investigação das mortes e nove no processo de investigação do assalto ao quartel.

"Nos termos da lei o prazo legal para terminar a instrução preparatória, quando existem arguidos presos preventivamente é de três meses", sublinhou o procurador-geral da República.

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