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Proteção da Floresta do Miombo debatida em Washington

Lusa
16 de abril de 2024

Políticos e especialistas africanos e dos EUA debatem a partir de hoje, em Washington, a sustentabilidade da Floresta do Miombo, numa conferência internacional organizada por Moçambique e com a presença de Filipe Nyusi.

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Desflorestação m Tete
Moçambique perde todos os anos 267 mil hectares de florestasFoto: Jovenaldo Ngovene/DW

O Presidente moçambicano alertou hoje, em Washington, para as perdas anuais na Floresta do Miombo, que abrange 11 países da África austral, motivo da conferência internacional que Moçambique promove na capital norte-americana. 

"As ameaças decorrentes das mudanças climáticas são inegáveis e com impactos devastadores nas sociedades. Perdemos anualmente enormes porções da floresta do Miombo, o pulmão verde do planeta", afirmou Filipe Nyusi, numa declaração após a chegada à capital norte-americana. 

"Já não nos podemos dar ao luxo de ficar parados face a este cenário. (...) Pretendemos com este evento promover o potencial desta floresta em contribuir para o alcance das metas globais sobre alterações climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável", acrescentou.

O Governo moçambicano espera mobilizar investimentos para proteger a Floresta do Miombo, orçamentados em 550 milhões de dólares, nesta conferência internacional. 

"Esperamos que nesta conferência, não só por parte dos Estados-membros, mas também de todos os outros intervenientes, que são os parceiros de cooperação neste caso, possamos aumentar aquilo que é o pacote de financiamento desta iniciativa", avançou a ministra da Terra e Ambiente de Moçambique, Ivete Maibaze, antes do arranque da conferência. 

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Conferência Internacional 

A Conferência Internacional sobre o Maneio Sustentável e Integrado da Floresta do Miombo arrancou hoje com uma reunião ministerial e painéis de discussão e conta na quarta-feira, no encerramento, com uma intervenção do chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e a adoção verbal da Declaração de Compromisso com a Iniciativa das Florestas de Miombo.

A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e abrange onze países da África Austral, incluindo Moçambique e Angola, resultando a conferência da iniciativa de Filipe Nyusi, que, em agosto de 2022, reuniu os líderes de outros dez países na "Declaração de Maputo sobre a Floresta de Miombo", para promover uma abordagem comum para a "Gestão Sustentável e Integrada das Florestas do Miombo e a Proteção da Bacia do Grande Zambeze".

Segundo a organização, esta conferência, que contará com a presença de membros do congresso norte-americano e dos parlamentos africanos, pretende promover oportunidades de investimentos no quadro da implementação da Declaração de Maputo, visando o alcance das metas sobre as mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável integrado.

Promover o potencial do Miombo

"O principal objetivo da conferência é promover o potencial da Floresta do Miombo em contribuir para os esforços globais para alcançar metas sobre mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável integrado", explicam os promotores.

A Florestas de Miombo fornece inúmeros bens e serviços que garantem a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes destes países, incluindo pastagens tropicais e subtropicais, moitas e savanas, constituindo o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo.

"São responsáveis pela manutenção do Grande Zambeze, uma das mais importantes bacias hidrográficas transnacionais", explicam os promotores da conferência, que é organizada ainda pelo International Conservation Caucus Foundation (ICCF) e pela Wildlife Conservation Society (WCS).

A Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo, assinada, além de Moçambique e Angola, ainda pelo Botsuana, Malawi, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, estabelece prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo.

As florestas de Miombo são o local de uma série de investimentos
As florestas de Miombo são o local de uma série de investimentos Foto: CC/Center For International Forestry Research/Jeff Walker

Hectares de florestas perdidos anualmente

A grande variedade de espécies encontradas na Florestas de Miombo fornece serviços e produtos ecossistémicos diversificados, tidos como "extremamente importantes para a subsistência e a geração de rendimentos das populações locais".

"No entanto, uma população crescente e o consequente aumento da demanda por terras agrícolas, combinados com o uso insustentável e a extração excessiva de recursos naturais em partes das florestas de Miombo e os impactos das alterações climáticas, representam uma séria ameaça aos produtos e serviços das florestas e aos meios de subsistência que dependem delas", alertam ainda os promotores da conferência.

Moçambique perde todos os anos 267 mil hectares de florestas, segundo dados avançados pelo diretor nacional de Florestas, Cláudio Afonso, à margem da primeira reunião do Comité Técnico para a Operacionalização da Declaração de Maputo sobre a Gestão Sustentável e Integrada da Floresta de Miombo, em julho passado.

A Floresta do Miombo é responsável pela manutenção da bacia hidrográfica do Zambeze, ao longo da qual vivem mais de 40 milhões de pessoas dos oito países atravessados por este curso de água.

Em Moçambique, a Floresta de Miombo alarga-se da parte norte de Inhambane às províncias de Manica, Tete, Sofala e Zambézia, zona centro, e Nampula, Niassa e Cabo Delgado, na região norte do país.