Sall deixa cargo em abril, mas não avança data de eleições
23 de fevereiro de 2024Numa entrevista radiofónica e televisiva concedida a jornalistas na noite desta quinta-feira (22.02), no Palácio da República do Senegal, em Dacar, o Presidente Macky Sall reafirmou a sua intenção de abandonar o poder a 2 de abril.
No entanto, contrariamente às expetativas de muitos senegaleses, não especificou a data das eleições presidenciais. Em particular, anunciou a organização de uma consulta nacional inclusiva, na qual participarão todos os acores políticos, sejam eles quem forem, de acordo com as possibilidades oferecidas pela legislação do país.
"Não me cabe a mim, neste momento em que vos falo, dizer que as eleições terão lugar a 3 de março ou em qualquer outra data. Na segunda-feira, o assunto será remetido para a consulta nacional e depois discutiremos tudo isso", declarou o Presidente à imprensa, avançando os dias 26 e 27 de fevereiro como proposta para o diálogo nacional inclusivo.
Libertação de opositores
Sall tem enfrentado um clamor para fixar uma data para a votação depois de o seu abrupto adiamento das eleições de 25 de fevereiro ter desencadeado semanas de crise.
Numa aparente tentativa de pacificar a opinião pública, Sall disse também que iria considerar a libertação de figuras da oposição, como Ousmane Sonko e Bassirou Diomaye Faye, que se encontram detidos.
Sall disse estar "pronto para ir mais longe para que todos beneficiem deste perdão e para que o Senegal avance para estas eleições de forma pacífica e que ganhe a melhor pessoa porque será a escolha soberana do povo senegalês."
Ainda de acordo com o Presidente senegalês, "o diálogo diz respeito a todos os atores, incluindo os que estão de acordo e os que não estão, porque o objetivo é encontrar uma solução que permita ao nosso país ir às urnas o mais rapidamente possível e em paz".
Crise política senegalesa
O Senegal mergulhou numa crise política e social desde o início de fevereiro, quando Sall anunciou o adiamento das eleições horas antes do início da campanha oficial. O Parlamento apoiou a medida, apesar da forte oposição, e Sall marcou então uma nova data para as eleições em dezembro.
A oposição denunciou a medida de Sall como um "golpe constitucional", afirmando que o seu partido temia uma derrota nas urnas.
Na semana passada, o Conselho Constitucional, órgão constitucional máximo do Senegal, anulou o adiamento e apelou a que a votação fosse organizada "o mais rapidamente possível".
Durante uma reunião do Governo na quarta-feira, o Presidente afirmou que a data das eleições "será fixada muito em breve", de acordo com a Presidência.
Desde o início da crise, a comunidade internacional, incluindo a União Africana, tem apelado para a marcação das eleições no país.