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PolíticaSenegal

Por que Faye inspirou os senegaleses?

Martina Schwikowski
27 de março de 2024

Com a promessa de reformar a economia, Bassirou Diomaye Faye foi eleito Presidente do Senegal. O que inspirou os eleitores?

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A eleições no Senegal foram seguidas por meses de agitação. Nesta imagem, Bassirou Diomaye Faye durante a votação no domingo (24.03)
A eleições no Senegal foram seguidas por meses de agitação. Nesta imagem, Bassirou Diomaye Faye durante a votação no domingo (24.03)Foto: SEYLLOU/AFP

É um antigo inspetor de impostos o recém-chegado à política senegalesa: Bassirou Diomaye Faye inspirou os eleitores, principalmente os jovens desempregados, com promessa de combater a corrupção e reformar a economia.

Eleito novo líder do Senegal no último domingo (24.03), Faye foi catapultado para a campanha presidencial depois de ter sido apoiado pelo popular líder da oposição, Ousmane Sonko, impedido de concorrer devido a uma condenação anterior. Aos 44 anos, o Presidente eleito deverá ser o mais jovem líder da nação da África Ocidental. 

No seu discurso, Faye disse que esta eleição teve como pano de fundo "uma crise pré-eleitoral que custou vidas, feriu e prendeu muitos patriotas". Mas ele também disse que pretende "virar esta página, e reconciliar os corações e o povo senegalês".

Uma apoiadora do ex-primeiro-ministro do Senegal e candidato presidencial da coalizão governista Benno Bokk Yakaar (BBY), Amadou Ba
Uma apoiadora do ex-primeiro-ministro do Senegal e candidato presidencial da coalizão governista Benno Bokk Yakaar (BBY), Amadou BaFoto: John Wessels/AFP

Meses de agitação

As eleições de domingo (25.03) seguiram-se a meses de agitação desencadeada pela detenção de Sonko e Faye, no ano passado, sob a acusação de difundir notícias falsas, e a preocupações de que o Presidente Macky Sall procurasse obter um terceiro mandato, apesar dos limites constitucionais.

Durante o seu discurso, Faye, porém, agradeceu ao seu antecessor cessante. Macky Sall, por ter aceite a vontade do povo.  E disse que a vigilância e o empenho de Sall garantiram uma eleição livre, democrática e transparente, assegurando um resultado reconhecido por todos os protagonistas".

"Ao mesmo tempo que lamento a dor e o sofrimento dos últimos anos, as vidas que foram destruídas e as que se perderam, gostaria de reconhecer e saudar o apego do nosso povo à democracia, à justiça e à igualdade", disse o líder recém eleito.

Antigo cobrador de impostos, Faye nasceu numa pequena cidade no centro do Senegal
Antigo cobrador de impostos, Faye nasceu numa pequena cidade no centro do SenegalFoto: Luc Gnago/REUTERS

Quem é Faye?

Pouco conhecido até Sonko o nomear como seu herdeiro, Faye é um antigo cobrador de impostos, nascido numa pequena cidade no centro do Senegal. É também um muçulmano praticante e tem duas mulheres.

Nos últimos dias, o clima foi de comemorações por todo o Senegal, com os eleitores saudando a  eleição do mais jovem líder eleito do país. O apoiante de Faye, Issa Khabari, disse que a eleição de Faye foi mesmo um alívio, pois "todo o trabalho árduo valeu a pena".

"Infelizmente, Amadou Ba demorou a felicitar o Presidente Bassirou Diomaye Faye, mas fê-lo e isso é o mais importante. Hoje temos um novo Presidente e o Senegal está a abrir-se a uma nova esperança", acrescentou o eleitor. 

Mais de 7 milhões de pessoas estavam registadas para votar no país com cerca de 17 milhões de habitantes
Mais de 7 milhões de pessoas estavam registadas para votar no país com cerca de 17 milhões de habitantesFoto: Muhamadou Bittaye/AFP/Getty Images

Eleições

As eleições de domingo, acompanhadas com atenção no estrangeiro devido à instabilidade política no Senegal, foram também as primeiras sem um presidente em exercício no escrutínio, após a introdução de limites de mandatos que impediram Sall de tentar um terceiro mandato. 

Líderes mundiais saudaram o Presidente eleito do Senegal, entre eles o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e a líder da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen. Também os presidentes guineenses e cabo-verdiano, Umaro Sissoco Embaló e José Maria Neves, respetivamente, felicitaram Faye pela vitória na primeira volta.

O grupo de observadores da sociedade civil conhecido como "COSCE" afirmou que a afluência às urnas foi superior a 61%. 

Mais de 7 milhões de pessoas estavam registadas para votar no país com cerca de 17 milhões de habitantes. Para vencer, os candidatos tinham de obter mais de 50% dos votos. 

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