"Num bom caminho": Bissau volta a ter luz após apagão
18 de outubro de 2023Foi um apagão total na cidade de Bissau. Há vários anos que a capital guineense não vivia um cenário de escuridão e prejuízos como o dos últimos dois dias.
Várias instituições, públicas e privadas, alguns órgãos de comunicação social e escolas deixaram de funcionar. A água também faltou, porque não havia eletricidade para a bombear.
"Várias mulheres cozinham e conservam o peixe na arca e agora precisamos de água e luz para conservar a nossa comida, porque senão tudo vai estragar", queixou-se uma funcionária pública em declarações à DW.
Um aluno referiu que, de noite, não houve aulas "por falta da corrente elétrica e mesmo alguns centros de formação não estão a funcionar".
No maior centro hospitalar do país, o Simão Mendes, também começou a faltar água desde que a crise abalou Bissau, na noite de segunda-feira, com o corte no fornecimento por parte da empresa turca Karpower, que está no país desde 2018.
Governo promete pagar a dívida
Nas primeiras horas da crise, o representante da Karpower na Guiné-Bissau, Prince Lamptey, disse que o corte de energia tinha a ver com a falta de combustível no barco da empresa, estacionado no mar. "Foi por isso que decidimos parar, por enquanto, para ver como conseguir esse combustível", esclareceu.
Mas o ministro da Energia e Indústria, Issuf Baldé, admitiu que o problema é uma dívida antiga, que o Governo guineense já estará a liquidar: "O processo está num bom caminho", assegurou Baldé.
"Já pagámos uma parte da dívida e falta uma pequena parte. A Karpower pede uma garantia para a sua liquidação num prazo curto. Dos dez milhões de dólares, pagámos 6,6 milhões, falta pagar 3,4 milhões."
O anterior Executivo introduziu uma adenda ao acordo com a Karpower, que elevou a quantidade da energia fornecida pela empresa, mas que o atual Executivo considera desproporcional:
"Temos um contrato para o fornecimento de 30 megawatts, que vão ser acrescidos para 40 megawatts até dezembro. [Mas] nós não consumimos essa quantia. Portanto, é preciso renegociar o valor consumível, o valor que é necessário", afirmou o ministro da Energia e Indústria.