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EducaçãoGuiné-Bissau

Nota negativa para o ensino superior na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
13 de junho de 2022

"Estudo Diagnóstico da Educação Superior e Investigação Científica", realizado pela Fundação Fé e Cooperação, reprova funcionamento do ensino superior na Guiné-Bissau e aponta falhas, como a qualificação dos docentes.

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Foto: Iancuba Dansó/DW

Há falta de qualificação dos docentes e défice de instituições do ensino superior no país. A conclusão é da Fundação Fé e Cooperação (FEC), que atua no setor do ensino da Guiné-Bissau.

De acordo com os resultados de um diagnóstico feito, na semana passada, sobre o funcionamento do ensino superior no país, a maior parte dos docentes têm apenas o grau de licenciatura, muitos têm o bacharelato, poucos com o doutoramento, apesar de se estar a registar um aumento de professores com o mestrado.

Nestas conclusões arrasadoras, a FEC revela que o ensino superior técnico se restringe à formação de professores e que é "deficitário nas áreas científicas, indispensáveis à formação superior técnica qualificada exigida pelo desenvolvimento do país."

Grandes assimetrias

Carlos Cardoso, um dos investigadores e diretor do Centro de Estudo Amílcar Cabral, fala de outras realidades constatadas. "Há, por exemplo, uma grande disparidade em termos da oferta do ensino superior", aponta, destacando a "assimetria bastante grande".

"Constatamos que, por exemplo, no que diz respeito ao apoio aos estudantes, estamos ainda perante uma grande carência, há muita gente que está a querer entrar para o ensino superior, mas não consegue, porque não tem os meios."

Manifestação de estudantes guineenses

Para além da falta de preparação académica de muitos docentes, o estudo demonstrou que os professores do ensino superior são mal pagos, têm uma carga horária excessiva e não têm condições para fazer investigação.

Ouvido pela DW África, o professor universitário Joaquim Silva não retira uma vírgula às conclusões do diagnóstico feito pela Fundação Fé e Cooperação: "Sabemos que não é boa a qualidade do professorado do ensino superior na Guiné-Bissau. [tendo em conta] o que foi referenciado, a falta de materiais didáticos, formação e reciclagem dos professores, se formos visitar algumas instituições do ensino superior, vamos constatar que, realmente, é verdade [o que diz o estudo]."

Portanto, defende que deve haver "uma política pública do Estado para que essas situações sejam melhoradas".

O estudo mostra também que o número de alunos a frequentar o ensino superior no atual ano letivo é de 17.025, o que representa um aumento de 31,1% em relação ao ano letivo anterior, número que ultrapassa largamente os 15.000 previstos até 2025.

O que dizem os alunos?

Para os estudantes universitários ouvidos pela DW África, há outros problemas que consideram graves. "Há excesso dos estudantes na sala, temos cerca de 50 ou 60 alunos na sala, temos problema de ventilação e assim é muito complicado", disse um dos entrevistados. "A biblioteca é muito pequeno e há falta de livros. É preciso melhorar isso também", disse outro universitário.

Há mais instituições de ensino superior na capital Bissau, 14 no total, enquanto a maioria das regiões têm apenas uma instituição.

A FEC recomenda maior investimento na cooperação internacional também com agências de desenvolvimento e um investimento sério no ensino superior, para que a educação básica não continue a "sofrer".

A DW África tentou, sem sucesso, obter a reação do Ministério do Ensino Superior, sobre os resultados do estudo.

Em 2015, o governo guineense mandou encerrar várias instituições do ensino superior, em Bissau, por falta de condições de varia ordem para o seu funcionamento ou para dar determinados cursos.

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