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Angola: Morte de Eduardo dos Santos terá impacto eleitoral?

António Ambrósio
11 de julho de 2022

A morte do ex-Presidente José Eduardo dos Santos ocorre numa altura em que Angola se prepara para as quintas eleições, a 24 de agosto. Analista não tem dúvidas de que a situação poderá ter algum impacto no pleito.

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Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Angola está a cumprir sete dias de luto nacional em memória de José Eduardo dos Santos, que morreu na passada sexta-feira (08.07), numa clínica privada em Barcelona, Espanha.

A morte do antigo Presidente acontece numa altura em que Angola se prepara para as eleições gerais 24 de agosto próximo. "Nessas manifestações há um sentimento contra o poder instituído, mensagens diretas de ataque para o atual Presidente e, claro, em política nada acontece por acaso, alguém há de tirar algum dividendo direito com base neste tipo de manifestação", disse à DW o jornalista Manuel Godinho.

A história regista José Eduardo dos Santos como o segundo Presidente de Angola e o primeiro com mais de 30 anos no poder. Mas como foram os seus últimos cinco anos?

"Temos de ter a capacidade de engolir algumas coisas. Dos Santos foi um professor nisso. Ensinou-nos que o silêncio é uma forma de trabalhar, é uma forma de consolidar a paz, é uma forma de manter a unidade no seio das pessoas", responde o professor Ngongo Mbaxi.

Mercado de São Paulo em Luanda: Angolanos despedem-se de José Eduardo dos Santos
Mercado de São Paulo em Luanda: Angolanos despedem-se de José Eduardo dos Santos Foto: Julio Pacheco/AFP/Getty Images

Que legado deixou aos angolanos?

Após a morte do antigo chefe de Estado angolano, que dirigiu Angola durante quase quatro décadas, discute-se que legado José Eduardo dos Santos deixou aos angolanos.

O académico Ngongo Mbaxi considera José Eduardo dos Santos um "verdadeiro construtor de paz", o "arquiteto de todas as centralidades, de todas as infraestruturas energéticas e não só [que o país tem hoje]", diz.

Ainda muito jovem, José Eduardo dos Santos assumir o poder em 1979, logo após a morte de Agostinho Neto. À DW, o jornalista Manuel Godinho lembra Zédu como um líder "forte", que conseguiu controlar sempre as rédeas do poder.

"Mesmo naqueles casos que alguém é rotulado como um ditador para controlar uma população estimada em 30 milhões de pessoas, pelo longínquo tempo que esteve no poder, é óbvio que tinha que ter algum poder de influenciar e José Eduardo dos Santos tinha essas habilidades", destaca.

José Eduardo dos Santos morreu a 8 de julho, aos 79 anos, após semanas de internamento. O governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, decisão a que se opõe uma das filhas, Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.