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Guineenses não acreditam em eleições para abril

11 de janeiro de 2013

Não haverá eleições em abril na Guiné-Bissau, como foi anteriormente anunciado porque o país não está minimamente preparado para ir às urnas. Esta é a crença dos guineenses com quem a DW África falou nas ruas de Bissau.

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Demonstração na Guiné-Bissau por eleições livres
Demonstração na Guiné-Bissau por eleições livresFoto: picture-alliance/dpa

A maioria dos guineenses não acredita que as próximas eleições gerais agendadas para abril possam ter lugar, devido à grave crise financeira com que se depara o governo de transição, que não é reconhecido pela grande maioria da comunidade internacional. A história recente da democracia guineense, mostra que a Guiné-Bissau nunca realizou eleições sem o apoio dos parceiros externos, nomeadamente, da União Europeia, dos Estados Unidos, e das organizações sub-regionais.

Falta de condições

"E se os parceiros internacionais não se entendem, como é a Guiné-Bissau pode por si só fazer eleições?”, questiona um guineense abordado pela DW África em Bissau. Outros há entre a população que dizem que “não há condições para tal porque o recenseamento ainda não está a ser feito o que também impede a realização das eleições em abril."

Para agravar ainda mais a situação no que toca à realização do escrutínio, até ao momento, não existe um consenso nacional sobre a indigitação da figura que vai liderar a Comissão Nacional de Eleições, CNE, após a demissão a 4 de janeiro, do Juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Rui Nené, empossado no cargo em dezembro.

Segundo um grupo, constituído por partidos que apoiam o Governo de transição, a eleição de Rui Nené, decidida no parlamento, não obedeceu aos critérios do pacto de transição nem ao acordo político que rege o período de transição, em curso na Guiné-Bissau.

Crise social

Para já, o Governo de transição afirma-se sem meios financeiros para organizar o escrutínio já que está instalada no país uma grave crise social. Falta de combustível e de fundos para pagar os salários da função pública, greves em vários sectores, nomeadamente, Saúde, Energia, Educação, Correios e outros.

A Guiné-Bissau tem vivido greves em setores como da educação e saúde
A Guiné-Bissau tem vivido greves em setores como da educação e saúdeFoto: Braima Darame/DW

Segundo a agência de notícias Lusa, a população guineense vai enfrentando, sem grandes soluções à vista, problemas como falta de gasóleo, que tem deixado a capital Bissau às escuras há cerca de semanas. A falta de combustível levou também ao encerramento das estações de serviço, que recomeçaram a abrir desde quarta-feira (09.01.13) com a chegada de gasóleo e gasolina. Com a falta de eletricidade da rede pública, a Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), e de água canalizada, famílias e instituições em Bissau têm recorrido aos serviços privados de fornecimento desses produtos básicos.

Sem esperanças

As conversas nas ruas de Bissau, refletem a grande preocupação dos guineenses sobre o futuro imediato. "Não temos a esperança de que algum dia a situação venha melhorar. Estamos a assistir à greve no setor de saúde. Há males por toda parte... Há males enraizados. A Guiné-Bissau está a passar pelo pior momento da sua história enquanto República", declarou um cidadão guineense frustrado à DW África, em Bissau.

O próprio Presidente do governo de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo que iniciou nesta quinta-feira (10.01), a presidência aberta para se inteirar no terreno das dificuldades que a população enfrenta, já solicitou a união de todos os guineenses para ajudar o país na solução dos problemas e desafios que se colocam presentemente à sociedade guineense.

Manuel Serifo Nhamadjo, Presidente do governo de transição da Guiné-Bissau
Manuel Serifo Nhamadjo, Presidente do governo de transição da Guiné-BissauFoto: picture-alliance/abaca

Autor: Braima Darame (Bissau) / Lusa
Edição: Carla Fernandes / António Rocha

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