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Governo moçambicano na Beira para avaliar impacto de ciclone

rl | Lusa | AFP
19 de março de 2019

Conselho de Ministros realiza-se esta terça-feira na cidade da Beira, devastada pelo ciclone Idai. Há registo de mais de 84 mortos, mas tudo indica que poderá haver "mais de mil óbitos", disse o Presidente Filipe Nyusi.

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Ciclone destruiu 90% da segunda maior cidade de MoçambiqueFoto: picture-alliance/AP Photo/D. Onyodi

A situação em Moçambique é grave e tende a piorar. O ciclone que atingiu o centro do país, na noite da passada quinta-feira (14.03), deixou um rasto de destruição no centro do país. Com o passar dos dias, as consequências são cada vez mais visíveis e preocupantes.

"Até ao momento, formalmente, há registo de acima de 84 óbitos, mas tudo indica que poderemos registar mais de mil óbitos", afirmou esta segunda-feira (18.03) o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, num discurso dirigido à nação, assinalando que "o país vive um verdadeiro desastre humanitário de grandes proporções".

Ciclone Idai devasta cidade da Beira

O Presidente deixou claro que a prioridade do Governo é, neste momento, salvar vidas. A FRELIMO, o partido no poder, adiou a reunião do seu Comité Central. O Governo anunciou também que o Conselho de Ministros desta terça-feira vai ter lugar na cidade da Beira, para que se possa avaliar a situação na região do país mais afetada pelo ciclone - parte dos cerca de 500 mil habitantes da Beira continuam ainda sem energia e linhas de comunicação.

Equipas das Nações Unidas e Cruz Vermelha estão no terreno desde o fim de semana. Karin Manente, representante do Programa Mundial de Alimentação da ONU em Moçambique, garantiu à ONU News que a ajuda tem estado a chegar à população. "A Organização Internacional para as Migrações (OMI) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estão já a proporcionar abrigo e medicamentos e a Cruz Vermelha e várias organizações não-governamentais estão muito ativas. Esse trabalho está a ser feito", garante.

Comida não chega

Segundo a ONU, cerca de 22 mil pessoas encontram-se em áreas de difícil acesso. Julia Luís reside em Inhamizua, uma vila perto da cidade da Beira, e encontra-se neste momento num centro de acomodação, onde a comida não é suficiente. "Aqui não há comida. É um problema, nós não temos nada. A noite passada, não comemos", lamenta.

Governo moçambicano na Beira para avaliar impacto de ciclone

O Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas pediu 35 milhões de euros para ajudar as vítimas do ciclone. No entanto, diz a representante deste organismo em Moçambique, haverá necessidade de mais recursos para fazer frente "à segunda leva de cheias que está a assolar o centro do país".

Uma preocupação também levantada por Alberto Mondlane, governador da província de Sofala. "A maior ameaça agora, mais do que a do próprio ciclone, é a água. Porque a montante está a chover e as bacias hidrográficas estão a aumentar o seu nível. Nós estamos na zona baixa, significa que todas as águas vêm para cá", lembra.

Ajuda humanitária

Nas últimas horas, têm sido divulgadas algumas ajudas. A Cáritas Portuguesa e o Governo de Espanha, por exemplo, anunciaram que irão disponibilizar verbas para o apoio humanitário às vítimas deste desastre natural. Também o Governo português garantiu já estar em contacto com o Ministério do Interior de Moçambique.

A Índia anunciou também que vai enviar três navios com ajuda humanitária para a cidade da Beira. Segundo um comunicado divulgado na página oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, os três navios, que devem chegar esta quinta-feira (21.03), irão carregados de "alimentos, roupa e medicamentos". Além disso, a bordo vão estar "três médicos e cinco enfermeiros para prestar assistência médica imediata", indicou a mesma nota.

Entretanto, nas redes sociais, são já vários os apelos e angariações de fundos organizados pelos próprios moçambicanos para ajudar as vítimas do ciclone Idai. Também a LAM - Linhas Aéreas de Moçambique - lançou uma campanha solidária de recolha de bens de primeira necessidade.

Aos quatro helicópteros já no terreno, juntaram-se ontem outros dois, fez saber o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC). Nesta fase, os meios aéreos são uma ajuda fulcral, não só nas operações de busca e resgate de pessoas, como também na distribuição de comida e medicamentos às pessoas que se encontram nas áreas de difícil acesso.