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SociedadeEtiópia

Tigray: Crise alimentar força "trégua" no conflito

rl | com agências
26 de março de 2022

Governo de Abiy Ahmed e rebeldes da TPLF concordaram, esta semana, com uma "trégua humanitária" em Tigray. Mas, diz especialista, "não é certo que a ajuda possa ser retomada" já só porque foi declarada uma trégua.

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Äthiopien Tigray Hilfe Symbolbild
Região de Tigray está, há meses, sem acesso a alimentação, material médico, serviços bancários e combustível.Foto: AP Photo/picture alliance

O Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed decretou, esta semana, uma "trégua humanitária unilateral" para permitir "a livre circulação de ajuda humanitária para quem precisa de assistência" na região do Tigray. Poucas horas depois, os rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Trigray (TPLF) concordaram em cessar as hostilidades e pediram ao executivo "a apresentação de medidas concretas para facilitar o acesso à região".

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Em entrevista à agência de notícias AFP, Awet Weldemichael, especialista em segurança do Corno de África, afirma que a "pressão internacional desempenhou um papel nesta decisão".    

O anúncio da trégua humanitária chega pouco depois da visita do novo enviado especial dos Estados Unidos da América para o Corno de África, David Satterfield, à capital etíope Adis Abeba.

Nos últimos meses, o governo liderado por Abiy Ahmed tem sido muito pressionado para assegurar que a ajuda humanitária chegue à região do Tigray que, desde junho do ano passado, tem estado praticamente isolada, sem acesso a alimentação, material médico, serviços bancários e combustível.

Segundo o investigador René Lefort, esta que é "uma das piores crises alimentares" na Etiópia "em décadas" foi a razão que obrigou o governo a ceder.

"Quase 30 por cento dos 110 milhões de etíopes estão a precisar de assistência" alimentar", nota o investigador, acrescentando que não será possível resolver a situação "sem ajuda internacional".

Äthiopien IDPs in der Region Amhara
O conflito na província de Tigray provocou mais de dois milhões de deslocados, diz a ONUFoto: Alemenw Mekonnen/DW

A mesma razão levou as tropas da Frente de Libertação do Povo do Trigray (TPLF) a reconsiderar a sua posição.

Recentemente, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU fez saber que "o nível de insegurança alimentar em Tigray deverá piorar nos próximos meses, pois as reservas  de alimentos restantes da última colheita estão esgotadas e a assistência humanitária não está a ser entregue a tempo devido à falta de acesso rodoviário a Tigray".

O governo disse esperar que a trégua apresse a entrega de ajuda à região, no entanto, os comboios humanitários têm atualmente de passar pela região de Afar, onde a TPLF está presente, e as autoridades locais recusaram a passagem da ajuda até que os rebeldes se retirem.

Ou seja, explicou uma fonte humanitária à AFP, "não é certo que os comboios possam ser retomados rapidamente" só porque foi declarada uma trégua.

A Etiópia condicionou a trégua à retirada da TPLF de Amhara e Afar. Por sua vez, a TPLF concordou em cessar as hostilidades apenas se a ajuda alimentar chegasse a Tigray.

Na opinião de alguns analistas, ainda que a TPLF possa estar disposta a fazer cedências em Afar, não deverá aceitar retirar-se de Amhara.

O conflito na província de Tigray teve início em novembro de 2020 e provocou já vários milhares de mortos e mais de dois milhões de deslocados.

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