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Diplomatas dos PALOP participam de formação no Brasil

Pessoa, Marcio Americo Vieira9 de agosto de 2013

Pela primeira vez, o treinamento é oferecido somente aos PALOP, apesar de ser a quarta edição do curso para diplomatas africanos. Curso prevê lançamento de livro com textos dos diplomatas lusófonos.

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O grupo de diplomatas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) é formado por 13 representantes de Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Alguns deles já trabalham no Brasil, outros foram indicados pelos seus governos.

Desde o início do programa, em 2010, até hoje, 76 diplomatas africanos já passaram pela formação, que tem como objetivo promover a aproximação do Brasil com os países participantes.

Inácio Domingos é um dos moçambicanos participantes do curso. Ele considera que a troca de experiências pode ajudar os povos a atingirem melhores níveis de desenvolvimento. "O Brasil está em um nível de desenvolvimento que não se compara a Moçambique e outros países africanos", diz Domingos, que é formado em Relações Internacionais e Diplomacia há cinco anos.

Para ele, a formação é uma indicação de que as relações entre Brasil e África nunca estiveram tão estreitas. "Aprender mais sobre a experiência brasileira e, naquilo que for possível, aplicar a nossa realidade. Isso, quem sabe, pode nos ajudar a atingir níveis de desenvolvimento que sejam satisfatórios para os nossos povos", espera.

Domingos diz que o curso é uma oportunidade de vivenciar a realidade, e ir além do que simplesmente 'ouvir dizer' o que se passa no Brasil. "Nós, como africanos, temos de tentar tirar as mais valias deste relacionamento para o bem dos nossos países", salienta.

Visita institucional

O programa é pensado para tentar mostrar a estrutura das instituições brasileiras, além de aspectos culturais de comportamento. É, em geral, voltado para diplomatas que estão em nível médio de carreira, mas também participam profissionais iniciantes e outros mais experientes.

Manela Vila Nova trabalha no Ministério de Negócios Estrangeiros de São Tomé e está na diplomacia há três anos. Ela avaliou como positiva, por exemplo, a visita do grupo ao Tribunal de Contas da União, órgão responsável por fiscalizar as contas do governo brasileiro.

"Tivemos a oportunidade de ver alguns conceitos e algumas boas práticas de como se leva diferentes situações dentro da união. Isso também pode servir como exemplo para melhorar algumas debilidades que possam existir no nosso processo interno", disse Vila Nova.

A Fundação Alexandre Gusmão (Funag), ligada ao Ministério brasileiro de Relações Exteriores, é a responsável pelo treinamento, que incluir visitas a órgãos do governo em Brasília, empresas, fundações além da programação no Rio de Janeiro, com visita a favelas pacificadas.

"Boa vizinhança"

Em entrevista à DW África, o presidente da Funag, embaixador José Vicente Pimentel, explicou que o objetivo do curso não é doutrinar, mas mostrar como o Brasil vê sua própria realidade. "Isso é, obviamente uma estratégia de longo prazo. Você não está tendo um retorno imediato. Isso é uma política de boa vizinhança. Uma tentativa de dar uma cooperação técnica através de uma moldura educacional", explicou.

Elementos sobre as políticas sociais brasileiras, incluídas no programa, indicam a vontade do país de mostrar os projetos de que se orgulha. "O que você quer dar é, na verdade, uma idéia daquilo que é feito e fazer com que eles próprios se aprofundem naquela matéria", disse Pimentel.

Ao final de cada curso, os diplomatas participantes são convidados a elaborarem textos sobre os temas discutidos ao longo da formação. Os textos devem compor um livro, editado pela Fundação Alexandre Gusmão. Até o final do ano, ainda estão previstas edições para diplomatas caribenhos e sul-americanos.