Chefe da polícia espera relatório sobre caso "Kalupeteka"
21 de abril de 2015O caso continua envolto em secretismo. As autoridades angolanas já anunciaram que nove agentes da polícia e dos serviços secretos morreram nos confrontos de quinta-feira (16.04) na província do Huambo, mas recusam-se a revelar o número de vítimas mortais civis.
Segundo relatos não oficiais, as forças de segurança terão morto cerca de 300 pessoas durante os confrontos com fiéis da seita religiosa da "Igreja do Sétimo Dia a Luz do Mundo", liderada por José Julino Kalupeteka. O maior partido da oposição angolana, a UNITA, denuncia também a morte de "centenas de cidadãos angolanos". As informações carecem ainda de confirmação.
Ambrósio de Lemos, Comandante-Geral da Polícia Nacional angolana, está à espera de um relatório da corporação no terreno.
"Estamos ainda a enterrar os nossos agentes no Huambo, vamos enterrar um aqui em Luanda, e ainda não me inteirei", disse Ambrósio de Lemos em exclusivo à DW África esta segunda-feira. "A equipa toda está a trabalhar com o governo provincial, portanto ainda me chegou o relatório completo."
MPLA culpa "outras forças"
Os confrontos ocorreram na localidade de São Pedro Sumé, a cerca de 40 quilómetros da cidade do Huambo. Em comunicado, o partido no poder, o MPLA, acusou "outras forças" de estarem por detrás do incidente – forças que prenderiam criar "condições para um retorno a situações de perturbação generalizada".
Em resposta, a direção da UNITA rejeitou, também em comunicado, qualquer tentativa de associação à referida seita, classificando as acusações de "irresponsáveis" e "imbuídas de má-fé". Por outro lado, o partido salienta que a seita "A Luz do Mundo" funcionava ilegalmente "com o beneplácito das autoridades locais com quem desenvolveu, desde 2011, laços privilegiados ao abrigo dos quais o cidadão Kalupeteka beneficiou de bens materiais e espaços de intervenção nos órgãos de comunicação social públicos."
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, disse, entretanto, que a seita religiosa é uma ameaça à paz nacional.
O líder da seita, José Julino Kalupeteka, de 52 anos, foi detido pela polícia nacional. No entanto, membros da sociedade civil continuam a pedir mais esclarecimentos.