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PolíticaSenegal

Bassirou Diomaye Faye: Da prisão ao Presidente do Senegal

AFP | bd
31 de março de 2024

Impulsionado para o poder a partir de raízes humildes, o Presidente eleito do Senegal desafiou as probabilidades ao prometer uma mudança radical e ao ser guiado por um mentor carismático. Pensa criar uma moeda nacional.

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Senegal Dakar | Präsidentschaftskandidat Bassirou Diomaye Faye aus Gefängnis entlassen
Foto: Abdou Karim Ndoye/REUTERS

Vulgarmente conhecido como Diomaye, que significa "o honrado" na língua local Serer, venceu as eleições presidenciais de 24 de março com 54,3% dos votos, apenas 10 dias depois de ter saído da prisão.

A sua mensagem anti-establishment, o apoio do líder da oposição Ousmane Sonko e a sua personalidade modesta ajudaram-no a obter uma vitória esmagadora na primeira volta sobre o candidato da coligação governamental.

Quando Faye, de 44 anos, tomar posse na terça-feira (02.04), tornar-se-á o quinto e mais jovem Presidente do Senegal desde a independência de França em 1960.

Num discurso de vitória em francês e wolof, Faye disse que as suas prioridades eram a "reconciliação nacional", o alívio da dolorosa crise do custo de vida e a luta contra a corrupção.

Prometeu um pan-africanismo de esquerda para restaurar a soberania nacional, que afirma ter sido vendida a baixo preço, com os sectores do petróleo, do gás e das pescas na sua linha de fogo.

Está a pensar em criar uma moeda nacional em vez do franco CFA e planeia grandes investimentos nos sectores agrícola e industrial para absorver o desemprego que, oficialmente, ronda os 20%.

Na cena internacional, Faye procura trazer o Burkina Faso, o Mali e o Níger, que são controlados pelos militares, de volta ao bloco regional da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e recalibrar as parcerias para benefício mútuo.

O antigo inspetor dos impostos surgiu à sombra de Sonko, popular, mas legalmente em apuros, que apoiou Faye depois de este ter sido impedido de se apresentar na corrida presidencial.

Faye e Sonko fizeram história no Senegal
Faye e Sonko fizeram história no SenegalFoto: John Wessels/AFP/Getty Images

A dupla Faye e Sonko

Sonko, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019 e se envolveu numa batalha de anos com o Estado,indicou o Faye como seu substituto após a sua desqualificação e viu o seu plano concretizar-se.

Juntos, fundaram o partido político Pastef em 2014, que as autoridades dissolveram no ano passado.

Libertados da prisão em 14 de março ao abrigo de uma amnistia, os aliados embarcaram numa viagem de campanha para o delírio de grandes multidões, que gritavam "Sonko mooy Diomaye, Diomaye mooy Sonko", ou "Sonko é Diomaye, Diomaye é Sonko".

Oriundo de um meio rural modesto, Faye, um muçulmano praticante com duas esposas que ostenta frequentemente o seu caraterístico "robe-boubou" de mangas largas, personifica uma nova geração de políticos senegaleses.

O pai de quatro filhos nasceu no seio de uma modesta família de agricultores na remota Ndiaganiao, uma aldeia a 150 quilómetros da capital Dakar, sem centro de saúde nem estradas alcatroadas.

Fã de Obama, Mandela e Zidane

Faye compromete-se a promover reconciliação no Senegal
Faye compromete-se a promover reconciliação no SenegalFoto: AFP via Getty Images

Faye deixou Ndiaganiao para estudar na prestigiada Escola Nacional de Administração de Dakar, mas diz que regressa regularmente à aldeia.

"Diomaye era um pequeno pastor que cuidava das suas cabras nos campos", diz Mor Sarr, um dos seus melhores amigos.

Faye "sempre foi muito próximo da sua mãe, Khady Diouf", ajudando-a nas tarefas domésticas, acrescentou Sarr.

Admirador do antigo Presidente dos EUA, Barack Obama, e do ícone sul-africano da luta contra o apartheid, Nelson Mandela, Faye também é fã de livros de psicologia e da antiga estrela do futebol francês, Zinedine Zidane, disse Sarr.

As artes marciais mistas, a natação e a música reggae também fazem parte dos seus passatempos, acrescentou. É também fã do Real Madrid, o gigante do futebol espanhol.

O tio do futuro Presidente, Diomaye Faye, disse que o seu sobrinho é "um bom rapaz" que presta muita atenção à sua conduta e que estará em sintonia com a realidade do país.

     

Viragem de página na democracia senegalesa