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Angola: O que prometem os candidatos à liderança da UNITA?

4 de novembro de 2019

16 anos depois, a UNITA vai ter um novo líder. Será escolhido já este mês e, ao que tudo indica, não será nenhum delfim de Isaías Samakuva. Analista entende que fim do voto étnico é um dos desafios do partido.

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Bandeira da UNITA, o maior partido da oposição em Angola Foto: Borralho Ndomba

Abílio Kamalata Numa, Adalberto Costa Júnior, Alcides Sakala, Raúl Danda e José Pedro Cachiungo são os cinco "homens fortes" que disputam a liderança da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola.

O eleito deverá cumprir com uma das principais recomendações que sairá do XIII Congresso Ordinário que acontece entre 13 e 15 de novembro, em Luanda: vencer dois pleitos eleitorais. Primeiro, as autarquias, agendadas para 2020, e depois as eleições gerais de 2022. É à volta disso que decorre a campanha eleitoral no partido, dirigido há 16 anos por Isaías Samakuva.

Angola UNITA Partei Abílio Kamalata Numa
Abílio Kamalata NumaFoto: DW/B. Ndomba

As promessas dos candidatos

O general Abílio Kamalata Numa promete modernizar o partido do "Galo Negro", transformando a organização num partido pan-africano, com projetos de formação de quadros. O parlamentar José Pedro Cachiungo, o mais novo entre os concorrentes, diz que vai preparar a UNITA para a vitória nas primeiras eleições autárquicas.

Por seu turno, o programa eleitoral de Alcides Sakala, deputado e porta-voz da formação, revela continuidade ao trabalho feito pelo presidente em fim de mandato. Sakala promete continuar a promover a unidade interna e também resolver alguns casos pendentes do partido, que não chegou a especificar.

Adalberto da Costa Júnior
Adalberto Costa Júnior Foto: DW/B. Ndomba

Já o presidente do grupo parlamentar do "Galo Negro", Adalberto Costa Júnior, garante que, com a sua eleição, o partido deverá mostrar pelos quatro cantos de Angola que a UNITA tem projetos para orientar e governar o país.

Entretanto, o vice-presidente cessante, Raúl Danda, também candidato à liderança da UNITA, começou a fazer campanha mais tarde, devido à questão sobre o tempo de militância que estava pendente na Comissão de Mandatos. Para além de querer fazer da UNITA uma "máquina eleitoral", Raúl Danda promete criar espaço para emancipação da mulher no partido fundado por Jonas Savimbi. Também é intenção de Danda congregar os quadros em torno de uma direção que preste uma atenção especial à representatividade étnica, geográfica e racial nos diferentes órgãos do partido.

Raúl Danda, Vizepräsident UNITA
Raúl DandaFoto: DW/M. Sampaio

"O doutor Savimbi criou a UNITA e chamou-lhe União Nacional para a Independência Total de Angola. Nós, na busca de equilíbrio para o partido, vamos olhar também pela representatividade", defendeu Danda. "É natural que não vamos pegar num indivíduo de Cabinda e dar-lhe uma responsabilidade só porque é de Cabinda. Não estamos a fazer bem. Mas vamos pegar em alguém de Cabinda, do Cunene, do Moxico, Huambo, etc, com responsabilidades, com competência, para poder ocupar os cargos e criarmos esse equilíbrio nos mais variados órgãos do nosso partido."

Líder da UNITA não preparou o seu delfim...

Para Isaías Samakuva, líder dos "maninhos", todos os candidatos estão em condições de serem o presidente do partido.

"Os militantes da UNITA conhecem os cinco candidatos. Não entrei e não entrarei em campanha a favor de alguém. Na minha posição, preciso manter uma certa equidistância. Por conseguinte, isto não farei. Creio que cada um dos cinco candidatos está em condições de dirigir o partido. Também ouvi vozes que diziam que devia ter preparado alguém. Não é preciso, porque precisamos o partido e os membros do partido", afirmou Samakuva em entrevista à TV Zimbo.

Alcides Sakala
Alcides Sakala Foto: DW/J. Carlos

Acabar com o voto étnico na UNITA

O politólogo Olívio Kilumbu considera interessante o exercício político da UNITA e acredita que os candidatos têm projetos sérios para o maior partido da oposição.

"Os delegados terão muitas dificuldades em encontrar um novo presidente da UNITA, embora se saiba que as alianças vão fazer toda diferença. Sabe-se também que a UNITA tem estruturas e figuras próprias de um partido tradicional e conservador de influenciar e eleger o presidente", entende o analista.

Por outro lado, Kilumbu espera que o congresso traga uma direção que congregue todas as etnias angolanas: "A UNITA precisa encontrar espaço em Angola. É preciso que a UNITA seja um partido dos angolanos e um partido para Angola e que se evite a grande influência que a UNITA tem do voto étnico e da 'bienização' do poder na UNITA."

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