1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Kwanza Norte com escassez de testes rápidos para a Covid-19

30 de agosto de 2020

No Kwanza Norte, faltam testes rápidos para a Covid-19 desde finais de julho. Situação preocupa os habitantes. Segundo autoridades, teste disponívies estão a ser usados apenas para controlo dos doentes internados.

https://p.dw.com/p/3hmBp
Angola Provinzkrankenhaus in Kwanza Norte
Foto: DW/A. Domingos

A falta de testes rápidos da Covid-19 no Kwanza Norte, está a deixar agastadas as pessoas que estão confinadas em Ndalatando e pretendem viajar para outros pontos da província e do país. Francisco da Costa é motorista de profissão. Há 12 anos, faz trajetos intermunicipais na região. Ouvido pela DW África, denuncia que não tem um local apropriado para fazer o teste, à semelhança do que acontece no posto de fiscalização do Zenza do Itombe, na zona limítrofe com a localidade de Maria Teresa, na província de Luanda.

"Nós, os motoristas, não temos um local onde podemos ir fazer o teste da Covid-19 e não conseguimos sair com as viaturas. Ficamos aqui presos. Várias vezes nós tentamos, até pegamos os próprios passageiros e nós chegamos até onde tem as cercas sanitárias e já tentamos reclamar e não aguentamos. Porque que nestes locais [na zona das Pambas no Lucala e Cabinda do Golungo Alto, no município com o mesmo nome] não existem técnicos de saúde para testar as pessoas e nós termos essa facilidade?" questiona o jovem motorista.

O motorista, insta, por isso, o Governo da província do Kwanza Norte e as autoridades sanitárias locais a solucionarem o problema o mais rápido possível.

"Desde que temos a cerca sanitária aqui, o Governo do Kwanza Norte ou os responsáveis da saúde devem ajudar os viajantes e os motoristas para ajudar as populações nesta situação, porque do nosso lado é uma fonte principal para conseguirmos um rendimento para os nossos familiares," apela.

Testar apenas os internados com Covid-19

A mesma situação está a preocupar também a coordenadora provincial da comissão multissectorial de prevenção e combate à pandemia, Maria Filomena Wilson.

"Nós, neste momento, já não temos testes suficientes. Estamos a fazer o controlo daqueles que temos internados e, como são poucos [testes], realmente estes testes só são direcionados para essas pessoas que estão internadas no sentido de nós fazermos o controlo do seu estado de saúde", esclarece.

Questionada sobre a atual quantidade de testes existentes no estoque, Wilson diz que "neste momento. não temos mais que 100 testes, só para acompanhar os doentes internados".

Miguel do Amaral, um morador do bairro Sassa em Ndalatando que não aceitou gravar entrevista, deplora a atual situação debilitada dos serviços de saúde desta província do Nordeste de Angola, numa altura em que a região continua a registar casos suspeitos e positivos de Covid-19,  além de mais duas mortes.

Angola Maria Filomena Wilson
Maria Filomena WilsonFoto: DW/A. Domingos

Meios insuficientes

Amaral denuncia ainda que mais dois doentes infetados com o coronavírus estão internados no hospital provincial Dr. António Agostinho Neto, na capital da província, porque a gestão do Hotel Kamuaxi - que durante cerca de três meses tinha sido adaptado como o Centro Provincial de Quarentena Institucional e Tratamento de Doentes de coronavírus - rescindiu o contrato com o Governo local, por alegada dívida contratual que ronda aos quatro milhões de kwanzas, o equivalente a cerca de 5.600 euros.

A ocorrência de mais um óbito por conta da Covid-19 no Kwanza Norte já foi confirmada pelas autoridades locais da saúde. E os profissionais do centro de saúde do bairro Sassa usam luvas e máscaras artesanais, por falta de materiais de biossegurança, revela a diretora da referida unidade,  Justina Manuela.

"Nós temos uma debilidade - não só aqui no centro, mas eu posso dizer que no país inteiro - por causa do gasto excessivo do material de biossegurança que nós nunca tivemos. Então, as aquisições chegam-nos, mas com alguma dificuldade. Conseguimos máscaras de outras fontes, como farmácias, mas há ainda colegas que estão a usar máscaras artesanais, estas são lavadas ou desinfestadas e passadas na estufa", revela Manuela.

Unidos por Angola

Entretanto, o Secretário Municipal de Cazengo, município onde está localizado o bairro Sassa, Conceição Kianoca, filiado à União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA),  deixa um apelo aos angolanos.

"É hora de os patriotas angolanos se unirem para que possam assumir o grande compromisso de realizar Angola, almejando um futuro melhor. A grave crise de identidade está na base da falência moral do país, da incapacidade do sistema financeiro, da mediocridade do sistema de educação, do desmoronamento do sistema da saúde, da prostituição, da economia, da ineficácia do sistema da justiça, da observância do papel das estruturas do Estado", defende.

Angola: Trabalhadoras domésticas sentem efeitos da pandemia

Saltar a secção Mais sobre este tema