Angola: Cemitério de Caxito transformado em bairro
Populares constroem por cima das campas sob olhar “silencioso” das autoridades. Em Caxito, o cemitério do Bucula está a ser transformado numa zona habitacional. As pessoas dizem já estar habituadas a conviver com mortos.
Cemitério do Bucula
Populares invadem cemitérios e constroem por cima das campas sob olhar “silencioso” das autoridades. Em Caxito, por exemplo, o cemitério do Bucula está a ser transformado em zona habitacional. Os populares dizem não ter onde construir e avançam já estar acostumados a conviver com os mortos.
Campas degradadas
No cemitério do Bucula as campas estão em estado avançado de degradação. Alguns familiares visitam periodicamente o local de sepultamento do seu ente querido, cuidando, desta feita, da campa. Outros deslocam-se ao campo santo apenas por ocasião do Dia dos Finados. E outros ainda já não se importam com o estado da campa em que jazem os restos mortais do parente.
Campas desaparecidas
O tempo e a chuva aceleram a degradação da campa, que acaba por quase desaparecer completamente.
Campa no capim
Na época das chuvas, o cemitério é transformado num autêntico matagal. O capim que cresce por força da chuva encobre as campas e força o seu desaparecimento. O que motiva os populares a limpar a zona e a construir as suas casas.
Posto policial entre cemitérios
De um lado está um “considerado” cemitério familiar. Do outro lado está o cemitério do Bucula. Esta é a Estrada Nacional 100, no sentido Caxito – Mbanza Congo. Bem ao lado está um posto policial, o controlo do Bucula onde pelo menos dois agentes garantem a segurança da zona.
O bairro do cemitério
O crescimento da população tem forçado o surgimento de novas zonas habitacionais, quer de forma legal, quer ilegal. Há alguns anos, populares vindo de zonas incertas, “aterraram” e começaram a construir moradias de chapa, quebrando barreiras e ignorando superstições.
De casebre à casa definitiva
O sossego da zona está a levar os populares a instalarem-se permanentemente. Muitos já constroem residências com material sofisticado.
Casebres
Inicialmente, as casas eram assim: feitas somente com chapas, e conhecidas por “casotas”. A dona, Maria Paulo, com os seus quatro filhos, disse à DW África, que nos primeiros dias no novo bairro sonhava com mortos. Mas agora isso já não acontece. Maria Paulo diz que é melhor viver no cemitério do que não ter casa.
As campas visíveis
Na estação seca, as campas ficam claramente visíveis. Quem passa pela EN100 consegue ver os a mistura de casas e seputluras.
Funerais suspensos
Com o surgimento de outros cemitérios oficiais, como Sumba Futa, nas Mabubas, e Sassa Cária, na zona com mesmo nome, tal como Bucula vários cemitérios comunitários viram os enterros suspensos. As autoridades justificam a medida com a falta de condições mínimas para a realização de enterros.
O bairro vai continuar?
Uma fonte ligada à Administração Municipal do Dande avançou à DW África que o órgão estatal analisa a situação e pretende tomar uma decisão que não afete negativamente a população que reside no cemitério. Até à data ainda não há decisão.