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Zuma comparece pela 1ª vez ao tribunal

6 de abril de 2018

Ex-presidente da África do Sul, alvo de 16 acusações que vão de fraude a formação de quadrilha, se diz vítima de perseguição política. Início do julgamento será no dia 8 de junho.

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Zuma saúda seus apoiadores em frente ao tribunal em Durban
Zuma saúda seus apoiadores em frente ao tribunal em DurbanFoto: picture-alliance/AP/T Hadebe

O ex-presidente da África do Sul Jacob Zuma compareceu nesta sexta-feira (06/04) pela primeira vez ao tribunal, numa audiência preliminar sobre o processo no qual enfrenta 16 acusações de corrupção e outros crimes. Um acordo entre a defesa e a acusação determinou que o início do julgamento será em 8 de junho.

A promotoria pediu que o julgamento, na cidade de Durban, fosse iniciado em novembro, mas a defesa não concordou. Os advogados do ex-presidente disseram que vão contestar as acusações e entrar com recurso para anular o julgamento.

Leia também: Opinião: Zuma personifica década perdida da África do Sul

Ao deixar o tribunal, Zuma se dirigiu aos cerca de 2 mil simpatizantes que estavam no local e afirmou que as acusações contra ele têm motivação política.

"Sou inocente até que provem o contrário, mas há pessoas que querem me tratar como se fosse culpado", disse o ex-presidente sobre o caso chamado oficialmente de "o Estado vs. Zuma",  onde é designado como "acusado número 1".

Seus apoiadores, que consideram as acusações uma caça às bruxas motivada pela agenda política e econômica do ex-presidente, realizaram uma vigília durante a noite em frente ao tribunal.

Esta foi a primeira aparição de Zuma perante os juízes desde que o procurador-geral da África do Sul, Shaun Abrahams, anunciou oficialmente no dia 16 de abril de 2017 as acusações contra o presidente.

As 16 acusações contra o ex-presidente somam uma por formação de quadrilha, duas por corrupção, uma por lavagem de dinheiro e 12 por fraude. Elas se baseiam em cerca de 800 operações fraudulentas realizadas em associação a um acordo milionário de compra de armas assinado no final dos anos 1990.

O ex-presidente teria recebido propina da empresa francesa de armamentos Thales, que fechou um contrato bilionário quando Zuma era secretário estadual da Economia e, mais tarde, vice-presidente do partido Congresso Nacional Africano (CNA).

A Thales, que forneceu navios de guerra como parte do acordo, também enfrenta acusações de corrupção no mesmo processo que envolve Zuma. O ex-presidente é acusado de embolsar 340 mil dólares através de 783 pagamentos ilícitos.

As acusações tramitaram na Justiça por mais de uma década. Elas foram apresentadas pela promotoria em 2007, após Zuma derrotar o então presidente Thabo Mbeki na votação que escolheu o líder do CNA, que governa a África do Sul desde o início da democracia no país, em 1994.

Em 2009, a promotoria retirou as acusações ao considerar que elas haviam sido apresentadas como vingança política. Mas, após a oposição recorrer da decisão por considerar que a promotoria atuou sob pressão política, a Justiça acabaria restaurando as acusações em maio de 2016, rejeitando todos os argumentos apresentados pela defesa.

Dessa forma, a decisão sobre a abertura de um processo judicial contra Zuma voltou às mãos dos promotores. Após vários atrasos, o procurador-geral Abrahams anunciou a decisão de acusar formalmente o ex-presidente.

Zuma renunciou à presidência em fevereiro, pressionado pelo próprio partido em razão dos diversos escândalos de corrupção que o atingiram.

RC/efe/afp

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