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Zuckerberg é criticado após polêmica envolvendo Holocausto

19 de julho de 2018

Em entrevista, fundador do Facebook afirmou que, embora considere negar extermínio em massa de judeus "profundamente ofensivo", postagens com tal conteúdo não seriam vetadas. Ele acabou obrigado a se retratar.

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Mark Zuckerberg
Zuckerberg: "Há coisas que pessoas entendem de maneira errada. Não acredito que elas façam isso intencionalmente"Foto: picture alliance/AP Photo/A. Brandon

O fundador e executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, envolveu-se numa nova polêmica após afirmar que sua rede social não deveria proibir postagens que negam o Holocausto. Ele foi alvo de duras críticas de entidades judaicas e nas redes sociais.

Em entrevista divulgada nesta quarta-feira (18/07), Zuckerberg afirmou que, apesar de ele mesmo ser judeu e considerar a negação do extermínio em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial "profundamente ofensiva", não acredita que o Facebook deveria vetar isso.

A controvérsia começou quando Zuckerberg deu à jornalista Kara Swisher um exemplo espontâneo sobre negadores do Holocausto. O empresário disse que, embora a rede social se dedique a combater a propagação de notícias falsas, certas crenças não serão removidas da plataforma.

"Acredito que há coisas que pessoas diferentes entendem de maneira errada. Não acredito que elas façam isso intencionalmente", afirmou o empresário em entrevista num podcast veiculado pelo site de tecnologia Recode.

Quando a entrevistadora observou que muitos negadores do Holocausto podem ter más intenções, Zuckerberg respondeu: "É difícil impugnar uma intenção e entender a intenção. Acho que, por mais repugnantes que alguns exemplos sejam, a realidade é que eu também cometo erros quando falo publicamente."

Após as afirmações provocarem uma enxurrada de críticas nas redes sociais, o fundador do Facebook foi obrigado a se retratar. Em e-mail destinado a Swisher, ele afirmou que não quis, de maneira alguma, defender as motivações de negadores do Holocausto. Qualquer postagem que incite à violência ou ao ódio contra qualquer grupo será removida de sua plataforma, disse.

Apesar do recuo, entidades judaicas não pouparam críticas ao empresário. O vice-presidente do Comitê Internacional de Auschwitz, Christoph Heubner, criticou a "argumentação absurda" de Zuckerberg.

"Esse homem realmente não sabe o que acontece diante dele no mundo e que desenvolvimentos sociais há, não apenas nos Estados Unidos, mas também nos países europeus?", questionou Heubner, falando numa nova demonstração de ignorância e arrogância, somada a uma "cegueira política que quase beira a ingenuidade".

O rabino Abraham Cooper, um dos principais membros do Centro Simon Wiesenthal, sediado nos EUA e que se ocupa sobretudo da questão do Holocausto, destacou que este é "o crime mais documentado da história". Para ele, uma negação desse crime é baseada numa mentira e não pode ser justificada em nome da liberdade de expressão.

Jonathan Greenblatt, presidente da Liga Antidifamação, organização não governamental judaica baseada nos Estados Unidos, afirmou que a negação do Holocausto é uma tática deliberada usada por antissemitas, "incontestavelmente odiosa, ofensiva e ameaçadora para os judeus". "O Facebook tem uma obrigação moral e ética de não permitir a disseminação [da negação do Holocausto]", afirmou.

Reação do governo alemão

Após a nova polêmica, o Ministério da Justiça alemão anunciou nesta quinta-feira que o Facebook precisa se ater às leis alemãs que proíbem a negação do Holocausto, deixando claro que se trata de um crime passível de punição.

"Não pode haver espaço para o antissemitismo. Isso inclui ataques físicos e verbais contra judeus, assim como a negação do Holocausto. Este último também é punível aqui e será rigorosamente processado", escreveu a ministra da Justiça alemã, Katarina Barley, no Twitter.

Felix Klein, encarregado de combate ao antissemitismo do governo alemão, afirmou que para todos os conteúdos disponíveis na Alemanha o Facebook precisa respeitar as leis alemãs. "Espero, portanto, que o Facebook remova efetivamente conteúdos passíveis de punição na Alemanha e garanta que a plataforma não possa ser usada indevidamente para crimes", afirmou.

No ano passado o Facebook já havia sido alvo de críticas envolvendo o mesmo tema. Em maio de 2017, a empresa divulgou a informação de que não bloqueava postagens de negação do Holocausto em todos os países onde a prática é ilegal.

Na época, a plataforma afirmou fazê-lo em oito países – incluindo Alemanha, Itália e Bélgica –, enquanto negar o Holocausto é proibido em mais de dez Estados. Sob pedido da agência de notícias alemã DPA nesta quinta-feira, o Facebook não confirmou se o número de oito países está atualizado.

LPF/dpa/afp/rtr/ap

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