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Vítimas sul-africanas do apartheid processam bancos alemães

(sv)2 de julho de 2002

Deutsche Bank, Dresdner Bank e Commerzbank são acusados de terem fornecido créditos de bilhões de dólares ao regime da África do Sul, quando este era vítima de sanções internacionais e isolamento político.

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Apartheid: marcha de protesto em SowetoFoto: AP

As vítimas do apartheid na África do Sul oficializaram suas queixas a três instituições de crédito alemãs e ao fabricante de computadores IBM. Segundo informou o advogado das vítimas em Johanesburgo, John Ngcebetsha, "nós fizemos uma série de pesquisas sobre as empresas em questão e conseguimos reunir informação suficiente sobre o papel delas na condução do apartheid".

De acordo com a acusação, a IBM, por exemplo, teria fornecido material e tecnologia de ponta aos departamentos públicos sul-africanos a partir de 1952. Sem essa ajuda, o governo não teria estado em condições de manter a política racista por tanto tempo.

Empréstimos -

Os três bancos alemães, segundo Ngcebetsha, estão sendo processados por terem fornecido ao governo sul-africano vários empréstimos num total de 4,5 bilhões de dólares. As instituições de crédito declararam nesta terça-feira (2) não terem ainda sido notificadas a respeito.

Karl-Friedrich Brenner, porta-voz do Dresdner Bank, afirmou que eventuais reivindicações deverão ser analisadas com cuidado, antes de qualquer pronunciamento do banco. No último 16 de junho, foi dado início a uma queixa contra o Citigroup e os bancos suíços UBS AG e Credite Suisse Groupe, que consideraram a acusação "absurda".

Lucros - O advogado Ed Fagan, que conduz o processo nos EUA, afirmou em um fax enviado à imprensa suíça estar "dando continuidade à batalha contra outras empresas multinacionais nos EUA e na Europa, que lucraram em suas transações comerciais com a África do Sul entre 1952 e 1993". O apartheid foi encerrado oficialmente em 1994. Fagan é um dos representantes das vítimas perante os tribunais norte-americanos. A equipe internacional que coordena o processo é formada por advogados e juizes sul-africanos, entre eles Ngcebetsha.

Especialistas na África do Sul observam que a queixa contra as instituições bancárias deve encontrar vários obstáculos pelo caminho. Thandi Shezi, do grupo de vítimas Khulumani, aponta para o perigo de que cidadãos sul-africanos possam ser enganados por falsas esperanças. "As pessoas estão confusas", afirmou Shezi.

Algumas vítimas acreditam que a queixa conduzida por Fagan possa substituir a reparação estatal exigida pela "Comissão da Verdade" (TRC), fundada por Nelson Mandela em 1998. De acordo com as previsões da TRC, mais de 21 mil vítimas do apartheid deveriam receber um total de cerca de 306 milhões de euros.