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Volks anuncia investigação externa sobre tortura no Brasil

3 de novembro de 2016

Montadora encarrega historiador alemão de apurar crimes supostamente cometidos pela empresa durante o regime militar brasileiro. Empresa é acusada de ter permitido a tortura de funcionários contrários à ditadura.

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Bildergalerie Brasilien 60 Jahre VW
Foto: Volkswagen do Brasil

A montadora alemã Volkswagen anunciou nesta quinta-feira (03/11) que dará início a uma investigação externa para apurar uma possível colaboração com a ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985, após acusações de que a empresa teria permitido a tortura de funcionários críticos ao regime.

Em nota, a VW afirmou ter encarregado o historiador Christopher Kopper, professor na Universidade de Bielefeld, na Alemanha, de "esclarecer" o papel da empresa durante a ditadura.

Segundo o comunicado, as investigações terão início "o mais rápido possível" e, para isso, Kooper deve viajar em breve ao Brasil. O projeto deve levar cerca de um ano, acrescenta a nota, e a montadora garante que todos os resultados serão disponibilizados ao público.

"Queremos esclarecer os anos sombrios da ditadura militar e explicar o comportamento dos responsáveis [pela companhia] naquela época no Brasil e, se for o caso, na Alemanha", declarou Christine Hohmann-Dennhardt, membro do conselho da Volkswagen.

Em setembro do ano passado, uma série de sindicatos entrou com um pedido de abertura de inquérito civil contra a Volkswagen junto ao Ministério Público Federal (MPF), sob a acusação de violação dos direitos humanos dentro de suas fábricas em São Bernardo do Campo durante a ditadura.

Com base em documentos e relatos colhidos pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), a ação judicial afirma que 12 ex-funcionários da montadora foram presos e torturados dentro das dependências da empresa na cidade paulista naquele período.

Em dezembro de 2014, um relatório da CNV afirmou que subsidiárias alemãs, incluindo a Volkswagen, colaboraram com o regime militar no Brasil por volta de 1972. O documento revelou a existência de um aparato repressivo militar-empresarial, no qual as firmas monitoravam funcionários, repassando informações e fazendo denúncias ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops).

"Estava trabalhando e chegaram dois indivíduos com metralhadora, encostaram nas minhas costas, já me algemaram. Na hora em que cheguei à sala de segurança da Volkswagen já começou a tortura, já comecei a apanhar ali, comecei a levar tapa, soco", contou Lúcio Bellentani, funcionário da Volkswagen de São Bernardo do Campo. O caso ocorrido em 1972 foi descrito no relatório da CNV.

EK/dw/afp/ap/dpa