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UE impõe novas sanções ao Irã por repressão a protestos

13 de dezembro de 2022

Bruxelas anuncia punições após Teerã realizar nova execução associada às manifestações contra o regime. Entre os alvos estão uma emissora pública, o chefe do Exército, empresas de drones e a Guarda Revolucionária.

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Ministra alemã do Exterior, Annalenna Baerbock, conversa com seu homólogo holandês
"Um sistema que trata o seu povo desta forma não pode esperar relações parcialmente normais com a União Europeia," disse a ministra alemã Annalenna BaerbockFoto: Virginia May/AP Photo/picture alliance

A União Europeia (UE) impôs nesta segunda-feira (12/12) sanções a uma série de instituições iranianas em razão da brutal repressão aos protestos. As punições vieram em meio a condenação internacional à segunda execução realizada em associação aos protestos contra o regime que governa o país com mão de ferro.

Entre os alvos das sanções estão uma emissora estatal do Irã, o chefe do Exército, os comandantes da Guarda Revolucionária e da Força Aérea iraniana, além de oito empresas que fabricam drones.

As punições foram decididas em uma reunião dos ministros do Exterior da União Europeia, em Luxemburgo.

"Estamos atingindo os responsáveis pela contínua repressão contra os manifestantes", disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell. Ele lembrou do apoio de Teerã a Moscou e ressaltou que as sanções também seriam uma reação ao fornecimento de drones iranianos às forças russas.

A Emissora da República Islâmica do Irã (Irib), seu diretor e um de seus âncoras foram punidos por divulgarem imagens de confissões forçadas de pessoas presas.

O comandante-em-chefe do Exército, Abdolrahim Mousavi, o vice-ministro do Interior e os comandantes regionais da Guarda Revolucionária foram alvos de congelamento de bens e proibições de vistos de viagem.

O clérigo linha-dura Seyed Ahmad Khatami foi incluído na lista por incitar a violência contra os manifestantes, inclusive ao exigir a pena de morte.

Essa foi a terceira rodada de sanções da UE contra autoridades iranianas em razão da repressão às manifestações que tiveram início após a morte da jovem curdo-iraniana Mahsa Amini, em setembro. Ela morreu sob custódia da polícia da moralidade depois de ser detida por, supostamente, usar o véu islâmico de maneira não conforme às regras rígidas impostas às mulheres pelo código do país.

Nova execução por participação em protestos

O Irã executou um segundo prisioneiro, identificado como Majid Reza Rahnavard, condenado por crimes que teriam sido cometidos durante a onda de protestos que ocorre há meses no país e desafia a teocracia dos aiatolás.

Ele foi enforcado publicamente em um guindaste de construção. Imagens divulgadas pela agência de notícias Mizan mostraram Rahnavard pendurado, com um saco preto na cabeça. Membros mascarados das forças de segurança ficaram postados em frente a barreiras de concreto e metal que continham uma multidão reunida no local.

Rahnavard havia sido acusado de esfaquear até a morte dois membros de uma força paramilitar e ferido outros quatro – ele teria ficado indignado com a morte de manifestantes pelas forças de segurança e revidado. Segundo a Mizan, o crime teria ocorrido em 17 de novembro, em Mashhad, no nordeste do país.

"Flagrante tentativa de intimidação"

O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, disse considerar "inaceitável o uso da pena capital como ferramenta para reprimir manifestantes.

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, descreveu a execução como "uma flagrante tentativa de intimidação" dos iranianos.

"Estamos deixando claro que estamos ao lado das pessoas inocentes no Irã", disse Baerbock. "Um sistema que trata o seu povo desta forma não pode esperar continuar a ter relações parcialmente normais com a União Europeia."

O Irã é um dos países que mais executa prisioneiros do mundo, e normalmente o faz por enforcamento.

A Anistia Internacional disse ter obtido um documento assinado por um alto comandante da polícia iraniana pedindo que a execução de um prisioneiro fosse "concluída" no menor tempo possível "e que sua sentença de morte fosse executada em público como um gesto comovente em prol das forças de segurança".

rc (Reuters, AFP)