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Teste de covid-19 deixará de ser gratuito na Alemanha

10 de agosto de 2021

Governo alemão aperta o cerco para incentivar a imunização. Quem não estiver vacinado ou recuperado terá que apresentar teste negativo para frequentar locais fechados – e pagar pelo exame a partir de 11 de outubro.

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Merkel usa blazer azul, máscara e segura uma folha de papel. Ela caminha e está rodeada de governadoresm que também usam máscara.
Decisão foi tomada em reunião entre Merkel e os governadores dos 16 estadosFoto: CHRISTIAN MANG/REUTERS

A Alemanha definiu nesta terça-feira (10/08) novas regras de combate à pandemia de covid-19, em meio a preocupações com a rápida disseminação da variante delta e tendo em vista a chegada do outono no hemisfério norte, com suas baixas temperaturas.

Em reunião entre a chanceler federal, Angela Merkel, e os governadores dos 16 estados alemães, ficou definido que, a partir de 11 de outubro, os testes de covid-19 não serão mais gratuitos. O objetivo é incentivar as pessoas a se vacinarem, num momento em que o país vive estagnação nas taxas de imunização, mesmo com ampla oferta de vacinas, e aumento no número de infecções.

Se a incidência voltar a subir e ultrapassar 35 casos a cada 100 mil habitantes por sete dias, os estados deverão limitar a entrada em locais fechados, como restaurantes, museus e cinemas, apenas a pessoas que se enquadrem na regra apelidada de 3G: Geimpfte (vacinado), Genesene (recuperado), Getestete (testado). A medida deve entrar em vigor no mais tardar em 23 de agosto. 

Os testes também devem ser solicitados a não vacinados para a entrada em salões de beleza, lares de idosos, hospitais e ginásios de esporte, por exemplo.

Qualquer pessoa que não esteja totalmente vacinada ou recuperada da covid-19 deverá apresentar um teste rápido de antígeno negativo feito no máximo 24 horas antes, ou um teste de PCR negativo, feito 48 horas antes, para acessar lugares públicos fechados. A regra não se aplica a crianças de até 6 anos e alunos regularmente testados nas escolas.

No caso de hospedagem em hotéis, um teste negativo deve ser apresentado no momento do check-in e, depois, duas vezes por semana.

Mas pessoas vacinadas e recuperadas estão "isentas de regulamentos federais ou estaduais que estipulam os requisitos de teste", diz a decisão desta terça-feira. Também não é mais obrigatória a quarentena para esses grupos após viagens, mesmo para quem vier de uma área considerada de alto risco.

Os estados terão liberdade para suspender a regra 3G se a incidência em determinadas regiões for considerada baixa (menos de 35 novos casos a cada 100 mil habitantes em sete dias) e também levando em consideração outros indicadores, como ocupação hospitalar.

Fim dos testes gratuitos

Desde março, o governo federal vem financiando testes rápidos de coronavírus a todos os cidadãos, em custo estimado em mais de 3 bilhões de euros, como uma forma de ampliar a testagem em massa e permitir a reabertura da economia.

Agora, os governos federal e estaduais justificam o fim dos testes gratuitos com o fato de que há ampla oferta de imunizantes contra a covid-19 e, portanto, todos têm a chance de se vacinar. Quem, ainda assim, optar por não tomar a vacina, deverá arcar com os custos dos testes.

"Se você quer ter proteção vacinal completa no outono, tem que começar a se vacinar agora", frisa a decisão.

Depois de 11 de outubro, os testes permanecerão gratuitos apenas para pessoas que não podem se vacinar ou para as quais ainda não se recomenda a vacina, como grávidas e crianças pequenas.

Os governos pediram ainda que empregadores incentivem seus colaboradores a se vacinarem, por exemplo, oferecendo imunização por meio dos médicos da empresa ou com licenças para que as pessoas possam comparecer a centros de vacinação ou a consultórios médicos. 

Também nesta terça-feira, os líderes alemães decidiram que as máscaras cirúrgicas ou FFP2 seguem sendo obrigatórias em transportes públicos e em estabelecimentos comerciais.

Em estádios de futebol e em eventos esportivos com mais de 5.000 espectadores, apenas metade das cadeiras poderão ser ocupadas, e o número máximo de pessoas não pode exceder 25.000.

Vacinação na Alemanha

Na Alemanha, cerca de 45,8 milhões de pessoas, ou 55% da população, estão totalmente vacinadas contra a covid-19.

No entanto, com a variante delta respondendo por 97% das novas infecções, o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças, aponta que 85% da população precisa estar vacinada para ser atingida a chamada imunidade de rebanho.

Mais de 1 milhão de crianças e adolescentes com mais de 12 anos já foram vacinados no país, anunciou o ministro da Saúde, Jens Spahn, no Twitter. De acordo com o RKI, isso corresponde a 22,5% da faixa etária.

"Temos vacina suficiente para todas as faixas etárias", voltou a enfatizar Spahn. Na Alemanha, as vacinas da Pfizer-BioNTech e da Moderna são aprovadas para maiores de 12 anos.

A Alemanha não sofre de escassez de imunizantes, mas vê há semanas a taxa de procura pelas vacinas cair. Em uma semana, foram apenas cerca de 600 mil novos vacinados – no auge da procura, chegaram a ser imunizados 1,4 milhão em um dia.

Outros países europeus, como França e Itália, implementaram regras que exigem que as pessoas provem estar vacinas ou recuperadas da covid-19 para ingressar em locais como restaurantes e museus.

A decisão não foi bem-recebida por parte da população, com alguns cidadãos afirmando que as regras infringem suas liberdades. Na França, milhares de pessoas voltaram às ruas no sábado, pelo quarto fim de semana consecutivo, para protestar contra as medidas.

Um estudo divulgado na semana passada pelo RKI apontou que a vacinação na Alemanha evitou, em seis meses, mais de 38 mil mortes, mais de 706 mil casos da doença, mais de 76 mil hospitalizações e quase 20 mil internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Nesta terça-feira, o país registrou 2.480 novas infecções e 19 mortes. A incidência atual é de 23,5 casos de covid-19 a cada 100 mil habitantes em sete dias – há uma semana, esse índice era de 17,9. 

le/ek (DPA, Reuters, AFP, ots)