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Sônia Guajajara na lista dos cem mais influentes da "Time"

23 de maio de 2022

Revista americana inclui ativista indígena entre as pessoas mais influentes do mundo em 2022. Pesquisador brasileiro Tulio de Oliveira, que ajudou a identificar a variante ômicron, também integra a lista.

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Sônia Guajajara
"Guajajara está na linha de frente da luta contra a tentativa do governo Bolsonaro de destruir as terras indígenas", diz texto de apresentação da ativistaFoto: Thibault Camus/AP/picture alliance

A revista americana Time incluiu dois brasileiros em sua lista das cem pessoas mais influentes do mundo em 2022, divulgada nesta segunda-feira (23/05). A ativista indígena Sônia Guajajara e o pesquisador Tulio de Oliveira foram eleitos na categoria "pioneiros".

A maranhense Guajajara é coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e foi candidata a vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (Psol) nas eleições de 2018.

Ela é reconhecida internacionalmente por seu trabalho de ativismo em defesa dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente, e já viajou por dezenas de países fazendo denúncias contra violações a esses direitos, incluindo na ONU, em conferências do clima e no Parlamento Europeu.

O texto de apresentação de Guajajara na Time foi assinado por Boulos, que destaca que a líder indígena "luta desde muito nova contra forças que tentam exterminar as raízes de sua comunidade há mais de 500 anos".

"Sônia resistiu e continua resistindo até hoje contra o machismo, como mulher e feminista; contra o massacre de povos indígenas, como ativista; e contra o neoliberalismo, como socialista", afirma o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

O texto lembra ainda que Guajajara foi a primeira mulher indígena a concorrer a uma chapa presidencial no Brasil e diz que, como coordenadora da Apib, ela "está hoje na linha de frente da luta contra a tentativa do governo Bolsonaro de destruir as terras indígenas, junto com a floresta amazônica".

"Seu trabalho vai desde a participação na COP26 – que criou um fundo de 1,7 bilhão de dólares para povos indígenas e comunidades locais, reconhecendo seu trabalho essencial em proteger terras e florestas da degradação – até os últimos meses, quando ela liderou protestos de milhares de pessoas, reunindo centenas de grupos étnicos indígenas, que ajudaram a travar um 'pacote da morte' de legislação anti-indígena. Ela também chamou a atenção nacional para o atropelamento dos direitos indígenas durante a pandemia de covid-19", lista Boulos.

O político do Psol conclui afirmando que Guajajara é inspiração "para milhões de brasileiros que sonham com um país que liquide suas dívidas com o passado e finalmente acolha o futuro".

A ativista comemorou a distinção da Time em postagem no Twitter, afirmando se tratar de "um reconhecimento da luta indígena global, que é coletiva e defende o futuro de toda a humanidade".

Pesquisador reconhecido

Já o pesquisador Tulio de Oliveira integra a lista dos cem mais influentes da revista americana por seu trabalho na identificação da variante ômicron do coronavírus.

Oliveira vive na África do Sul desde 1997, é diretor do Centro para Respostas e Inovação em Epidemias (Ceri) e foi um dos primeiros a alertar para a gravidade da nova variante.

Ele divide o reconhecimento com o cientista Sikhulile Moyo, diretor do laboratório de referência de HIV de Botsuana em parceria com a Universidade Harvard.

"Cientistas na África têm monitorado e sequenciado patógenos desde muito antes da pandemia. O mundo se beneficiou dessa rede quando cientistas como Sikhulile Moyo e Tulio de Oliveira identificaram e relataram o surgimento da variante ômicron, em novembro passado", afirma a Time.

O texto de apresentação, assinado pelo camaronês John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças, diz que o feito representou um "momento de transformação e uma mudança de paradigma – que para mim simbolizava que a excelência na ciência pode ter origem na África".

"A resposta internacional às notícias dessa descoberta – que incluiu proibições de viagem impostas a países africanos por outras nações – foi complexa. Isso me fez refletir sobre como deve ser a cooperação e a solidariedade globais quando lutamos contra uma ameaça comum como a covid-19", continua Nkengasong.

"Cada geração tem pessoas que inspiram as gerações seguintes. Sikhulile e Tulio têm potencial para ser isso para as pessoas que trabalharão em saúde pública e genômica. Ainda não vimos o fim de suas contribuições", conclui o cientista.

No Twitter, Oliveira saudou o reconhecimento. "É uma enorme honra estar com uma líder e ativista indígena, Sônia Guajajara, na lista dos cem mais influentes da revista Time. Vamos trabalhar para um Brasil melhor que respeite a ciência, a vida, a população indígena e a natureza ", escreveu.

Lista da Time

A lista das cem pessoas mais influentes da revista Time inclui personalidades que exerceram influência ao longo do ano, mas não necessariamente por aspectos positivos. Elas estão divididas em seis categorias: artistas, inovadores, titãs, líderes, ícones e pioneiros.

Entre os líderes aparecem na lista o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden; da Rússia, Vladimir Putin; da Ucrânia, Volodimir Zelenski; e do Chile, Gabriel Boric.

Na categoria artistas constam nomes como as atrizes Zoë Kravitz, Sarah Jessica Parker, Mila Kunis e Amanda Seyfried. E na categoria ícones, estão o ator Keanu Reeves e a cantora Adele.

Não é incomum brasileiros figurarem na lista. Em 2019, a revista incluiu o presidente Jair Bolsonaro,  descrevendo-o como "um personagem complexo". Já a ex-presidente Dilma Rousseff foi escolhida como uma das cem pessoas mais influentes do mundo em 2011 e em 2012. Seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, fez parte da lista em 2004 e em 2010.

ek (ots)