Schröder adverte contra ingerência externa na conferência do Afeganistão
22 de novembro de 2001O chanceler federal alemão Gerhard Schröder advertiu contra ingerências externas na conferência de paz para o Afeganistão. Quatro dias antes do início da reunião convocada pela ONU e que será realizada no castelo de Petersberg, nos subúrbios de Bonn, o chefe do governo alemão afirmou que não pode haver mal-entendido: "Esta é uma conferência internacional sob a égide das Nações Unidas, que é feita pelos afegãos, não pelos alemães, nem pelos britânicos, nem pelos americanos". Na opinião de Schröder, o objetivo do encontro é que "aqueles que querem e que devem formar um governo afegão iniciem contato entre si". Os conselhos públicos vindos de fora não constituem nenhuma ajuda, disse o chanceler.
A conferência a portas fechadas será iniciada na próxima segunda-feira e não tem um prazo fixado para terminar. As negociações serão presididas pelo encarregado da ONU para o Afeganistão, Lakhdar Brahimi. Segundo o secretário de Estado do Ministério alemão das Relações Exteriores, Christoph Zöpel, além da Aliança do Norte, quatro outros grupos estarão representados no castelo de Petersberg: o grupo do ex-monarca afegão, o grupo dos exilados no Chipre (ao qual pertence o antigo líder Hekmatjar), o grupo dos exilados na Alemanha, assim como o chamado grupo de Peschawa, que congrega tribos pashtu.
Plano de cinco pontos
O encarregado da ONU Lakhdar Brahimi preparou um plano de cinco pontos, destinado a abrir caminho para a paz no Afeganistão. Ele prevê um papel central das Nações Unidas nos esforços afegãos de pacificação do país e de formação de um governo de transição. O plano tem os seguintes pontos:
- Num encontro convocado pela ONU, deverá ser logrado inicialmente um acordo básico para o processo de transição política. Devem participar desse encontro os representantes da Aliança do Norte, dos grupos de Roma, do Chipre, além de outros grupos.
- No encontro deverão ser dados passos concretos para a convocação de um "conselho provisório", composto por um grupo grande e representativo dos afegãos e que deverá ser presidido por uma personalidade reconhecida como símbolo da unidade nacional.
- A tarefa do conselho será criar uma administração provisória e um programa de ação para uma fase transitória, que não deverá ultrapassar dois anos de duração.
- Deverá ser convocada com urgência uma Loya Jirga, ou seja, uma assembléia representativa tradicional, reunindo personalidades nacionais, para aprovar as medidas e para encarregar o governo provisório da elaboração de uma constituição.
- A fase de transição deverá ser encerrada com a convocação de uma segunda Loya Jirga, que aprovará a constituição e formará o governo do Afeganistão.