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Revista musical dá adeus a Hitler

gh27 de novembro de 2004

Em "Goodbye Adolf Hitler", teatro berlinense critica transformação do ditador nazista em fenômeno pop pelos meios de comunicação da Alemanha.

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Fachada do Berliner Volksbühne, na praça Rosa LuxemburgoFoto: AP

O contestatório Berliner Volksbühne confirmou esta semana sua fama de "enfant terrible" do teatro alemão, ao encenar uma revista musical sobre Adolf Hitler. A peça fez uma paródia da onda de programas e publicações especiais sobre o ditador nazista, veiculados pela mídia alemã, desde o lançamento do filme A Queda.

"No mercado cultural alemão, a figura de Hitler ainda parece atrair muitos consumidores. Atualmente, o fenômeno Hitler vende", diz Jürgen Kuttner, um dos autores do show musical Goodbye Adolf Hitler!. A publicidade do Volksbühne tinha o mesmo tom: "O passado alemão fede, mas vende", lia-se no site do teatro na internet.

A intenção de Kuttner foi abordar Hitler no contexto da indústria do entretenimento, dos grandes shows de sábado à noite na TV e da história como fenômeno pop. O resultado foi um show cínico-cômico, bem ao estilo do Volksbühne. Sem se restringir apenas ao sarcasmo, analisou o processo de transformação de Hitler num fenômeno pop. Essa mistura despertou tanto interesse, que os ingressos para Goodbye Adolf Hitler! esgotaram-se em dois dias.

Elaborando o passado?

Film über Untergang des NS-Regimes mit Bruno Ganz als Hitler
Ator Bruno Ganz no papel de Hitler em "A Queda"Foto: dpa

Kuttner diz que, com a peça, tentou apenas "defender-se da avalanche midiática de elaboração do passado alemão. Eu quis agir antes que alguma emissora de televisão decida fazer um show dos anos 40".

Nos últimos meses as redes de TV da Alemanha veicularam especiais nostálgicos dedicados às decadas de 60 a 90. Na opinião da crítica, o nível do musical berlinense, porém, não foi muito superior ao de certos livros, documentários e filmes sobre Hitler.

O semanário de Der Spiegel descreveu o espetáculo como "estranha noite de entretenimento nacional-socialista, um show medíocre, em que só se destacam algumas canções". Uma delas é a versão alemã de Blame it on the bossa nova, música de maior sucesso na Alemanha em 1963. Mas, em vez de cantar "a culpa foi da bossa nova", os artistas no Volksbühne entoaram o refrão: "A culpa foi de Adolf Hitler". O título da revista musical, aliás, lembra o nome de outro filme premiado: Good bye, Lenin (Adeus, Lênin), sobre o fim da Alemanha Oriental.