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Liberdade de imprensaRússia

Repórter do "WSJ" completa um ano detido em prisão na Rússia

29 de março de 2024

Evan Gershkovich fazia apuração sobre guerra na Ucrânia quando foi detido. Ele é o primeiro caso de jornalista dos EUA preso em solo russo acusado de espionagem após o fim da Guerra Fria.

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Evan Gershkovich em uma cabine transparente, ao lado de um policial
Evan Gershkovich durante uma audiência judicial em Moscou, em abril de 2023Foto: Evgenia Novozhenina/REUTERS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta sexta-feira (29/03) que segue empenhado em obter a libertação do repórter Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, preso há um ano na Rússia.

"O jornalismo não é um crime, e Evan foi à Rússia fazer seu trabalho de repórter, arriscando sua segurança para jogar luz sobre a verdade a respeito da agressão brutal da Rússia contra a Ucrânia", afirmou Biden em um comunicado.

Gershkovich foi detido em 29 de março de 2023 na cidade de Yekaterinburg, enquanto reportava para o Wall Street Journal como jornalista credenciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia. Posteriormente, ele foi acusado de recolher informações secretas sobre as atividades do Grupo Wagner, envolvido na guerra na Ucrânia. Ele deve permanecer em prisão preventiva até, pelo menos, 30 de junho.

A detenção do repórter – o primeiro jornalista dos EUA a ser detido em solo russo sob acusação de espionagem desde o fim da Guerra Fria – ocorreu dias após o Wall Street Journal ter publicado um artigo de sua autoria com o título A economia russa está começando a desmoronar.

"Ataque contínuo contra vozes independentes"

 "As pessoas não são moeda de troca. A Rússia deveria pôr fim à sua prática de detenção arbitrária de pessoas para fins de influência política e deveria libertar imediatamente Evan [Gershkovich] e Paul [Whelan]", ex-fuzileiro detido há mais de cinco anos, alertou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

De acordo com Blinken, a Rússia "não forneceu provas suficientes" contra o jornalista, porque ele "não fez nada de errado" e o "jornalismo não é crime". "No ano que se seguiu à detenção injusta de Evan, o já limitado panorama midiático russo tornou-se mais opressivo, com um ataque contínuo contra vozes independentes, visando qualquer forma de dissidência", sustentou. 

Em sua homenagem, a primeira página do Wall Street Journal desta sexta-feira trouxe um grande espaço em branco, simbolizando um artigo do jornalista que não pôde ser publicado.

O veículo lembrou Gershkovich como um "repórter talentoso". "O mundo mudou dramaticamente no ano passado. Durante esse tempo, o mundo para o nosso colega Evan Gershkovich tem sido o interior de uma pequena cela numa notória prisão de Moscou, onde aguarda julgamento por uma acusação falsa", escreveu o jornal em uma nota.

"Na Rússia de Vladimir Putin, a busca de um jornalismo independente e a coleta de fatos confiáveis – marcas daquilo que defendemos – são consideradas um crime. Evan é acusado de espionagem, o que negamos veementemente", disse o veículo.

O Wall Street Journal considerou a detenção do repórter "um ataque flagrante aos direitos da imprensa livre" e um exemplo das ameaças que os órgãos de comunicação social enfrentam, "num ambiente que se tornou cada vez mais perigoso para os jornalistas que se colocam na linha da frente". "É um lembrete dos perigos que os jornalistas enfrentam em todo o mundo à medida que prosseguem a sua missão essencial. E isso nos dá energia para continuar o esforço para garantir que este seja o último marco que Evan passa na prisão", concluiu.

O presidente russo, Vladimir Putin, mencionou em fevereiro, em entrevista ao jornalista dos EUA Tucker Carlson, a possibilidade de libertar Gershkovich, desde que observasse "passos recíprocos" por parte das autoridades norte-americanas. Washington e Moscou já acordaram várias trocas de prisioneiros no passado.

bl (Reuters, Lusa)