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Renúncia de prefeito por medo de neonazistas gera alerta

10 de março de 2015

Políticos se solidarizam com Markus Nierth, que deixou o cargo de administrador de vilarejo no leste alemão para evitar manifestação de extremistas de direita contra a construção de abrigo para refugiados.

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Markus Nierth
Foto: picture-alliance/L. Schulze

A renúncia do prefeito do vilarejo de Tröglitz, no leste da Alemanha, despertou reações de indignação entre políticos alemães e levantou um debate sobre como proteger administradores voluntários – como ele – de ameaças neonazistas.

Markus Nierth, sem partido, deixou o cargo nesta segunda-feira (09/03), para evitar uma manifestação marcada pelo partido de extrema direita NPD que passaria em frente à sua casa. O protesto é contra a decisão do administrador de criar uma acomodação para receber 40 refugiados.

"O sinal é fatal. É preciso tomar contramedidas políticas", declarou o secretário estadual do Interior, Holger Stahlknecht, da União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal Angela Merkel.

A secretária-geral do Partido Social-Democrata (SPD), que compõe a coalizão de governo, Yasmin Fahimi, disse que o caso em Tröglitz a comoveu, e que ela compreende a preocupação de Nierth e da família. Filha de um iraniano, a política afirmou ainda que "não dá para aceitar" que alguém tenha que renunciar por causa de um compromisso prestado junto a uma minoria.

"Se em nossa democracia constitucional um administrador eleito não se vê mais protegido contra uma manifestação de extrema direita, é preciso soar todos os alarmes", declarou o presidente do Partido Verde, Cem Özdemir.

Decepcionado

Em entrevista à agência de notícias DPA, Nierth, de 46 anos e que exercia o cargo sem remuneração, afirmou estar decepcionado com o fato de as autoridades não conseguirem garantir que o protesto não passasse em frente à sua casa.

O político disse ter preferido evitar expor a família às palavras de ódio que seriam lançadas por mais de cem neonazistas, que anunciaram participar da manifestação.

"Eu e minha esposa seríamos pessoalmente alvo dos manifestantes", justifica Nierth. Ele diz ter se sentido abandonado pelo distrito, pelos partidos e até mesmo pelos moradores do vilarejo, onde vivem cerca de 2.700 pessoas.

Apesar do ocorrido, Nierth garante que Tröglitz, no estado da Saxônia-Anhalt, não é um local de radicalismos. "Mas faltam estruturas sociais. O plano de acomodar 40 pessoas que buscam asilo aqui deveria ter sido preparado de maneira diferente", completou.

O vilarejo fica a 160 quilômetros de Dresden, berço do movimento Pegida (sigla em alemão para "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente").

MSB/dpa/afp