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Querelas ameaçam Leipzig 2012

Roselaine Wandscheer17 de novembro de 2003

Fase quente da corrida pela hospedagem dos Jogos acontece em ano de eleições estaduais. Pesquisa revela que os próprios alemães perdem a esperança na escolha da cidade pelo COI. Orações para vencer a crise.

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Chama da campanha está se apagando

Poucos meses se passaram desde a escolha de Leipzig como candidata alemã para sediar os Jogos de 2012. Mas o tempo foi suficiente para diminuir os motivos de euforia, enquanto a crise no empreendimento começa a contagiar os próprios alemães. Só um terço dos alemães acredita que a cidade possa sediar os Jogos, revelou uma pesquisa do instituto Infratest dimap. Vinte e cinco por cento dos alemães ocidentais apostam na candidatura de Leipzig, enquanto no Leste do país 50% ainda acreditam em suas chances.

O fato de a fase quente da candidatura de Leipzig estar acontecendo num ano que antecede eleições no Estado de Saxônia-Anhalt até poderia ser positivo, não fossem o prefeito e o governador serem de partidos rivais. Com a escolha de Leipzig como candidata alemã aos Jogos de 2012, o prefeito Wolfgang Tiefensee conseguiu resgatar seu Partido Social Democrata (SPD) de uma profunda crise, ameaçando a confortável situação da União Democrata Cristã (CDU), do governador Georg Milbradt.

Paralelo a isso, acusações de corrupção e de colaboração com o antigo serviço secreto da ex-Alemanha Oriental fizeram com que desde outubro já tenham rolado quatro cabeças na diretoria do empreendimento, inclusive o homem de confiança e braço direito de Tiefensee no projeto, Burkhard Jung. Se querelas pessoais não interessam ao Comitê Olímpico Internacional, tanto mais o COI se preocupa com rumores de manipulações financeiras, para evitar a repetição de um escândalo como o de Salt Lake City.

Em busca de um novo impulso no projeto, o Conselho Fiscal resolveu adiantar uma reunião prevista para dezembro e apresenta a nova diretoria ─ com os empresários Thomas Middelhoff e Bernd Rauch ─ já nesta quarta-feira (19).

Intervenção tardia do NOK

O presidente do Comitê Olímpico Alemão (NOK), Klaus Steinbach, ignorou por longo tempo os problemas em Leipzig, preferindo acender uma polêmica interna sobre uma eventual mudança da sede do NOK de Frankfurt para Berlim.

Há duas semanas, então, na assembléia geral do NOK, demonstrou seu apoio total à candidatura, mas não poupou palavras enérgicas para advertir a diretoria sobre a urgência de polir a imagem do projeto.

O tempo começa a ficar curto. Daqui a dois meses, as nove candidatas (entre elas Rio de Janeiro, Nova York e Paris) terão de entregar ao Comitê Olímpico Internacional as respostas a um catálogo de perguntas. Elas servirão de base para o anúncio, em maio próximo, das cidades que continuarão candidatas.

A situação é tão séria que as tradicionais orações pela paz na Catedral de São Nicolau, em Leipzig, nesta segunda-feira (17), terão como lema "Leipzig 2012 ─ Queremos os Jogos" e serão seguidas de uma passeata. Christian Führer, o padre responsável pela idéia, responde com civilidade aos que o acusam de degenerar o propósito inicial: "Embora as preces pela paz estejam consolidadas em Leipzig, acho que devemos rezar também quando estamos abalados e buscamos solução para um problema."

Uma solução ansiada também pela imprensa. "As chances diminuem de dia para dia", estampou o jornal Frankfurter Rundschau. O Süddeutsche Zeitung escreveu sobre "uma corrida sem chances contra o tempo", enquanto o Frankfurter Allgemeine Zeitung titulou: "O balão murchou".

Ao analisar a dimensão política da crise em Leipzig, o Rheinische Post, de Düsseldorf, criticou que as querelas só prejudicam o desenvolvimento de Leipzig, da Saxônia e do Leste alemão em geral. "Isto pode ser tudo, menos um convite para investidores estrangeiros – que é justamente do que o Leste alemão mais precisa".