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HistóriaAlemanha

Quando Berlim se tornou uma metrópole

Clarissa Schimunda Neher
Clarissa Neher
28 de setembro de 2020

Há cem anos, a capital alemã cresceu ao incorporar cidades e vilas ao seu redor e passou a ser a terceira maior cidade do mundo, com 3,9 milhões de habitantes. Alguns problemas da época se repetem atualmente.

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Catedral de Berlim em 1920
Até 1920, Berlim era uma cidade bem menor do que a atualFoto: imago/United Archives International

Neste ano, Berlim completa um importante centenário. Em 1º de outubro de 1920, o pequeno município incorporou cidades e vilas que estavam ao seu redor, e, do dia para a noite, a capital alemã ganhou o status de metrópole, se tornando a terceira maior cidade do mundo, atrás apenas de Nova York e Londres.

Até essa data, Berlim era apenas o que hoje faz parte do centro da cidade – mais especificamente a região em torno da Alexanderplatz e da Ilha dos Museus. Tinha apenas 66 km². Com a fusão com outras sete cidades – Charlottenburg, Cöpenick, Lichtenberg, Neukölln, Schönefeld, Spandau e Wilmersdorf –, além de 59 municípios rurais e 27 vilas, passou a ter 878 km² de extensão.

A nova metrópole também cresceu em termos de população e passou a ter 3,9 milhões de habitantes. Neste quesito, era inclusive maior do que atualmente, com 3,7 milhões de moradores. Depois da fusão, Berlim acabou sendo dividida em 20 bairros, dos quais muitos correspondem ao antigo município que foram.

Apesar de a legislação que criou a Grande Berlim ter sido aprovada apenas em 27 de abril de 1920 pelo Parlamento prussiano, a ideia da nova metrópole surgiu por volta de 1875, mas pouco ocorreu para fazer com que isso se concretizasse nos anos seguintes.

Desde os anos 1880, a região de Berlim era um polo econômico, atraindo cada vez mais indústrias e mais habitantes. A cidade, porém, era muito pequena para comportar essa transformação. Fábricas foram criadas nos municípios ao redor, e a população ia se espalhando por essas regiões. Esse processo de expansão, no entanto, acabou, na prática, entrelaçando cada vez mais esses municípios. Mas a união na teoria ainda encontrava opositores fortes, como o imperador Guilherme 2º.

Somente com o fim da Primeira Guerra Mundial e as mudanças políticas ocorridas posteriormente, foi aberto o caminho para a criação da metrópole alemã.

De acordo com historiadores, essa fusão possibilitou desenvolvimentos na infraestrutura pública dos quais a cidade se beneficia até hoje – como a unificação do transporte público e a criação da empresa responsável pelo transporte público, a BVG. Também houve investimentos na construção de linhas de metrô e na criação de parques, piscinas e praias públicas, como em Wannsee.

Depois desta enorme transformação, veio a Segunda Guerra, e Berlim foi destruída. Muito pouco restou da antiga Berlim. A metrópole foi dividida e seguiu caminhos diferentes, mas até hoje é possível ver em alguns pontos essas diversas cidades e comunidades que a originaram. Em alguns bairros ainda existe o antigo centro dessas vilas, com sua igreja e praça, ou antiga prefeitura.

Alguns problemas da época também se parecem bastante com os atuais, como a questão da moradia, com escassez de imóveis, aluguéis cada vez mais caros e a segregação entre ricos e pobres. Em 1920, como solução desse impasse, surgiram vários projetos de construção de bairros operários para abrigar os trabalhadores de fábricas.

Desde a Reunificação alemã, a cidade vem crescendo, mas a expansão de sua estrutura não acompanhou no mesmo ritmo. Muito se fala sobre a necessidade de um plano para os próximos cem anos, que deve incluir, além de uma solução para o problema habitacional, uma transformação para deixar a cidade mais sustentável, reduzir emissões, expandir o transporte público e deixar para trás o título obsoleto de cidade desenvolvida para carros, que foi promovido no pós-guerra. Esses são os desafios atuais de uma metrópole que busca um futuro melhor.

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Clarissa Neher é jornalista da DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy. Siga-a no Twitter.

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Checkpoint Berlim

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Nesta coluna, ela escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.