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Arte

Quadro de Picasso supostamente encontrado na Romênia é falso

Darko Janjevic pv
19 de novembro de 2018

Escritora seguiu dica anônima e encontrou enterrada numa floresta pintura que acreditava ser uma das desaparecidas desde o chamado "roubo do século". Mas tudo não passou de um truque publicitário.

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As sete obras roubadas de um museu em Roterdã por uma gangue romena em 2012
Obras roubadas de museu em Roterdã por gangue romena em 2012, incluindo o quadro de Picasso, embaixo à direitaFoto: Getty Images/AFP/D. Mihailescu

A obra de Pablo Picasso "Tête d'Arlequin" (Cabeça de Arlequim) parece destinada a ficar perdida depois que um achado supostamente espetacular se revelou ser uma farsa, segundo noticiou neste domingo (18/11) a emissora pública holandesa NOS. 

A escritora romena Mira Feticu, que pensou ter encontrado a pintura  – roubada de um museu na Holanda há seis anos –, aparentemente foi vítima de um trote. Dois diretores belgas de teatro afirmaram que estavam por trás da ação afirmaram que tudo não passou de uma manobra publicitária.

Feticu disse ter encontrado a pintura, que parecia ser a de Picasso, debaixo de uma árvore numa floresta na Romênia depois de ter recebido uma dica anônima. A escritora então entregou a pintura à embaixada holandesa.

Frank Westerman, um jornalista holandês que acompanhou Feticu à Romênia, escreveu no Facebook que eles haviam sido enganados. "O suposto Picasso perdido foi colocado lá por dois produtores de teatro belgas."

Em 2012, um grupo de romenos roubou o quadro de Picasso de um museu de Roterdã. O assalto espetacular, apelidado pela mídia holandesa de "o roubo do século", também resultou no roubo de outras seis pinturas valiosas, incluindo obras de Claude Monet e Paul Gauguin. Quatro romenos foram presos e condenados, mas os quadros nunca foram encontrados.

Autoridades acreditam que elas provavelmente foram queimadas por Olga Dogaru, mãe do indivíduo que supostamente comandou o roubo. Dogaru inicialmente disse às autoridades romenas que ela havia queimado as obras de arte em seu forno para destruir as evidências e proteger o filho, e os investigadores encontraram alguns vestígios de pinturas em cinzas. No entanto, posteriormente, Dogaru mudou sua versão.

Em 2015, Feticu escreveu um romance sobre uma mulher que viaja para a Romênia com a polícia holandesa para procurar as pinturas perdidas. Em novembro de 2018, a escritora – que nasceu na na Romênia, mas vive na Holanda – recebeu uma mensagem anônima que dizia para procurar pelo quadro "Tête d'Arlequin".

"Recebi uma carta em romeno com instruções sobre o local onde a pintura estava escondida", disse.

A romancista de 44 anos se dirigiu, acompanhada de Westerman, a uma floresta no leste da Romênia. Eles conseguiram encontrar o local exato especificado na carta e desenterraram uma pintura, que lembrava a obra perdida de Picasso, debaixo de uma árvore.

No domingo, no entanto, Feticu recebeu um e-mail que dizia que toda a caçada pela obra era apenas uma manobra publicitária. Dois diretores belgas de teatro, Yves Degryse e Bart Baele, escreveram que "silenciosamente prepararam uma parte dessa performance nos últimos meses" para chamar a atenção para seu projeto "True Copy" (cópia verdadeira), dedicado ao famoso forjador de arte holandês Geert Jan Jansen.

Jansen foi preso em 1994 na França, e a polícia encontrar cerca de 1.600 falsificações de Picasso, Henri Matisse, Salvador Dalí e de outros pintores dentro de sua propriedade.

Os dois diretores de teatro belgas, baseados em Antuérpia, disseram que ainda há falsificações de Jansen "penduradas em museus em todo o mundo".

"Que valor a verdade ainda tem?", disseram, em alusão ao projeto "True Copy", que visa a questionar o valor da verdade. "E não é mais estimulante poder pactuar com uma mentira brilhantemente projetada?"

Por fim, Westerman declarou à emissora NOS que achava que o truque foi uma boa piada e disse agora rir de sua "participação não intencional num projeto de arte". Feticu, no entanto, ficou bastante zangada, afirmou o jornalista.

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