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Primeiro-ministro de Israel será denunciado por corrupção

28 de fevereiro de 2019

Procuradoria decide indiciar Netanyahu por três suspeitas diferentes de uso indevido do cargo, mas ele poderá se defender antes da apresentação das denúncias. A seis semanas das eleições, caso promete influenciar pleito.

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Brasilien Jair Bolsonaro und Benjamin Netanjahu
Foto: Getty Images/AFP/L. Correa

O Ministério da Justiça de Israel anunciou nesta quinta-feira (28/02) que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu será denunciado por três casos diferentes de corrupção. A decisão vem a público apenas seis semanas antes das eleições nacionais, nas quais a vitória do chefe de governo está ameaçada.

O procurador-geral israelense, Avichai Mandelblit, informou que aceitou as recomendações da polícia para apresentar denúncias contra Netanyahu, que terá que responder pelos crimes de fraude, recebimento de propina e quebra de confiança.

A apresentação formal dessas acusações ocorrerá apenas depois de uma audiência com o primeiro-ministro, que terá a chance de se defender das suspeitas e questionar as provas. O processo pode levar meses ou até um ano.

O indiciamento – que marca a primeira vez em que um premiê israelense em exercício é notificado de iminentes acusações – aprofunda as incertezas sobre as perspectivas de reeleição do líder direitista nas eleições de 9 de abril. Netanyahu busca seu quarto mandato consecutivo.

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo jornal Times of Israel mostrou que o anúncio da procuradoria pode ter um forte impacto no pleito, impedindo o partido do primeiro-ministro, Likud, de obter maioria no Parlamento israelense.

As acusações são resultado de mais de dois anos de investigações. A suspeita mais grave envolve o chamado caso 4000, no qual Netanyahu será denunciado por fraude, propina e quebra de confiança. Ele teria favorecido a empresa de telefonia Bezeq em troca de uma cobertura favorável a ele no Walla, um dos maiores sites de notícias do país, controlado pelo mesmo grupo.

As acusações por fraude e quebra de confiança se repetem nos outros dois indiciamentos a serem feitos pela procuradoria-geral dentro dos casos que ficaram conhecidos como 1000 e 2000.

O primeiro deles investiga se Netanyahu e sua família receberam presentes em valores que somam 264 mil dólares dos empresários Arnon Milchan e James Packer em troca de favores políticos.

O segundo caso apura se o governo tentou fechar um acordo com o dono do jornal Yedioth Ahronoth também em troca de favorecê-lo. Como recompensa, o primeiro-ministro restringiria a circulação do principal rival do veículo, o diário Israel Hayom, segundo apontam as investigações.

Por ter recebido propina, ele pode ser condenado a até dez anos de prisão. Já os crimes de fraude e quebra de confiança preveem pena máxima de três anos de prisão.

O anúncio dos indiciamentos ocorre apesar das tentativas do partido de Netanyahu de impedir que o primeiro-ministro fosse indiciado durante o período eleitoral – as eleições, previstas para novembro, já foram antecipadas para abril em parte por conta das investigações de corrupção.

A expectativa é que Netanyahu conceda uma entrevista coletiva para explicar sua versão dos fatos ainda nesta quinta-feira. O premiê se diz inocente de todas as acusações e já alegou ser vítima de uma "caça às bruxas" liderada pela esquerda, pela imprensa e pela polícia.

Em nota nesta quinta-feira, o Likud reforçou essa ideia de "perseguição política" contra o governo. "A publicação unilateral do procurador-geral apenas um mês antes das eleições, sem dar ao primeiro-ministro uma oportunidade para refutar essas falsas acusações, é uma intervenção gritante e sem precedentes nas eleições", afirmou o partido.

Netanyahu ocupa o cargo de primeiro-ministro desde 2009 e, se vencer o pleito em abril, pode vir a superar o primeiro chefe de governo de Israel, David Ben-Gurion, como o mais longevo premiê do país. Ele não é obrigado a renunciar se for indiciado, somente se condenado com todos os recursos esgotados.

EK/afp/efe/rtr

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