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Proibir motor de combustão na UE em 2035 é tarde demais

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Gero Rueter
11 de junho de 2022

União Europeia decidiu banir a venda de novos carros com motor de combustão a partir de 2035. Um sinal importante, mas não suficiente, diz Gero Rueter, editor da DW. Ele pede um fim mais rápido dos veículos a gasolina.

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Pessoa abastece carro com combustível
Veículos a combustão um dia serão história e estarão em museusFoto: Artur Widak/NurPhoto/picture alliance

A decisão tomada por ampla maioria no Parlamento da União Europeia (UE) nesta quarta-feira (08/06) foi um ponto de virada histórico. A partir de 2035, nenhum carro ou veículo leve comercial novo com motor de combustão poderá ser registrado na UE.

O fim do motor de combustão foi selado, e isso também se aplica a veículos maiores. Depois de 150 anos no mercado, os motores de combustão em breve serão história e estarão em museus, assim como a locomotiva a vapor.

Para os aficcionados, esse fim está associado a emoções e também é amargo: o cheiro da gasolina, a vibração e o som de motores ruidosos logo serão coisa do passado.

Por outro lado, nós não temos escolha a não ser acabar com a queima de gasolina e do diesel nos motores o mais rápido possível. Essa é a única maneira de ainda cumprir o limite acordado de 1,5 grau Celsius acima do período pré-industrial e limitar a crise climática global a um nível suportável.

Essa responsabilidade deve ser assumida sobretudo pelos principais responsáveis pela crise climática – as nações industrializadas e seus cidadãos, que são responsáveis por garantir que a vida em muitas partes do mundo continue sendo possível no longo prazo.

A eliminação de novos motores de combustão interna na Europa em 2035 é um sinal importante nesse sentido. Ele apoia a mudança para uma nova forma de mobilidade com motores elétricos, que também são muito mais silenciosos e não deixam para trás nenhuma fumaça prejudicial.

Acelerando a conversão

A conversão para motores elétricos, porém, ainda está atrasada em muitos países. Os carros a bateria ainda são muito mais caros do que os com motores de combustão, há muito poucos carros elétricos novos e usados, e as listas de espera são longas. 

Há também problemas com a infraestrutura. Centenas de milhares de estações de carregamento ainda estão faltando e os sistemas de pagamento são muitas vezes complicados. Os políticos devem ajudar a expandir rapidamente a infraestrutura. A indústria deve aumentar a produção de carros elétricos e todos devem contribuir para que a eliminação dos motores de combustão seja bem sucedida em todos os lugares o mais rápido possível.

Carro elétrico é carregado na tomada
Custo de rodar com carro elétrico na Europa não é nem metade do custo de usar carro a gasolinaFoto: Action Pictures/imago images

O combustível feito a partir de plantas não ajudaria muito, porque isso utiliza áreas cultiváveis importantes e aquece ainda mais o clima por meio do desmatamento. E a produção de combustível sintético usando fontes renováveis consome seis vezes mais energia do que seria necessário para carregar uma bateria. 

A boa notícia é que a mobilidade elétrica está ficando mais barata rapidamente. Os especialistas estimam que a produção de veículos elétricos será mais barata do que a dos com motores de combustão já em 2026. Além disso, os veículos elétricos já exigem muito menos reparos.

A maior vantagem de preço, no entanto, é dirigir com a própria eletricidade. Os custos com energia nas redes europeias geralmente não são nem a metade do que o custo de usar carros a gasolina. E aqueles que obtêm sua eletricidade do sistema solar próprio ou do vizinho geralmente economizam mais de 80%.

Proteção climática precisa de 2025 como data final

Infelizmente, a crise climática está progredindo muito mais rapidamente do que gostaríamos. Cada tonelada de gás carbônico emitida para a atmosfera deve, portanto, ser evitada, e o mais rápido possível. Também é necessário considerar o fato de que as principais nações industrializadas já lançaram muito gás carbônico na atmosfera no passado e, portanto, teriam que ser completamente neutras em relação ao clima até 2035, dez ou vinte anos antes dos países mais pobres.

Portanto, a decisão de proibir o motor de combustão na UE para veículos novos é importante, mas a data final de 2035 é claramente muito tarde. Na Europa, a proibição de vendas já deve ser aplicada a partir de 2025, já que os veículos normalmente funcionam por pelo menos dez anos.

Os compradores de automóveis, a indústria e os políticos deveriam já considerar a data final de 2025, mesmo que isso soe utópico para muitos neste momento. A proteção climática nos força a nos engajarmos neste debate, e a uma reflexão honesta e a uma ação consistente. Porque todas as pessoas no mundo têm direito a uma perspectiva de sobrevivência em seus países.