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Operadora francesa é condenada após onda de suicídios

20 de dezembro de 2019

France Télécom e executivos considerados culpados de "assédio moral”. Piora proposital de condições de trabalho para forçar milhares de funcionários com estabilidade a pedir demissão acabou resultando em 60 mortes.

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Letreiro com logo da France Télécom
France Télécom mduou o nome para "Orange" em 2013Foto: AP

Um tribunal francês condenou nesta sexta-feira (20/12) a empresa France Télécom e uma série de executivos da operadora de telefonia por "assédio moral" contra funcionários. O julgamento ocorre uma década após uma onda de suicídios de funcionários da empresa.

A sentença contra a companhia, que mudou o nome para Orange em 2013, prevê o pagamento de uma multa de 75 mil euros, o valor máximo nesses casos. O ex-presidente da France Télécom Didier Lombard e outros executivos também foram condenados a um ano de prisão, com oito meses de suspensão da pena, e a pagar uma multa de 15 mil euros por sua política agressiva de redução de funcionários. Além disso, os réus também deverão pagar em conjunto mais de 3 milhões de euros por danos às partes civis, entre elas ex-funcionários e parentes das vítimas.

Os casos que motivaram a ação aconteceram entre 2006 e 2009. Na época, a France Télécom foi sacudida por uma onda de suicídios, após o anúncio de um plano de restruturação da empresa, que previa a demissão de 22 mil empregados. Ao todo, foram 60 mortes voluntárias, das quais o presente processo se concentrou em 39.

Um dos suicidas, o técnico Michel Deparis, deixou uma carta criticando técnicas de gestão "aterradoras" antes de se matar, em julho de 2009: "Cometi suicídio por culpa da France Telecom. É a única causa", escreveu.

Durante o julgamento, várias testemunhas descreveram mudanças no ambiente de trabalho que fizeram muitos funcionários sofrerem de depressão. Entre os métodos utilizados, estavam transferências geográficas forçadas, redução de salários ou e-mails incessantes incitando-os a pedir demissão. Muitos dos funcionários tinham estabilidade e não poderiam ser demitidos. À época, sindicatos franceses descreveram as táticas como sendo de "uma brutalidade extraordinária".

Lombard negou que a administração tivesse qualquer responsabilidade pelas mortes, apesar de ter dito aos gerentes em 2006 que tiraria os funcionários "de um jeito ou de outro, seja pela porta ou pela janela". Para o tribunal, os "métodos" aplicados para eliminar os 22 mil empregos foram "ilegais", e a empresa elaborou "um plano combinado para piorar as condições de trabalho da equipe, a fim de acelerar a saída".

Um relatório elaborado pela Justiça francesa apontou que a empresa passou a fomentar "incidentes frequentes" com o objetivo de "desestabilizar os funcionários" e assim criar um "clima profissional de ansiedade" para precipitar pedidos de demissão.

JPS/afp/rfi

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