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Olaf Scholz se diz contra extradição de Assange para os EUA

4 de março de 2024

Chefe de governo alemão espera que tribunais britânicos protejam o australiano, que correria risco de "perseguição" se deportado para os Estados Unidos. Advogados de Assange antecipam pena de até 175 anos de prisão.

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Homem segura grande placar com retrato pintado de Julian Assange com a boca tampada por duas mãos com as bandeiras dos EUA
Manifestantes protestam contra extradição de Assange diante de tribunal em LondresFoto: Thomas Krych/ZUMA Wire/IMAGO

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, se manifestou nesta segunda-feira (04/03) contra a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos.

"Acho que seria bom se os tribunais britânicos lhe concedessem a proteção necessária, porque ele deve sofrer perseguição nos Estados Unidos, dado que traiu segredos de Estado", afirmou o chefe de governo alemão durante sessão de perguntas e respostas num centro profissionalizante do sul da Alemanha.

Ele disse ter impressão de que as chances de uma extradição diminuíram, considerando que os representantes americanos foram "incapazes de assegurar aos juízes britânicos, na última audiência, que a possível punição estaria dentro de um âmbito justificável do ponto de vista do Reino Unido". Washington quer que o australiano de 52 anos responda à Justiça nacional por acusações de espionagem.

Até 175 anos de prisão, caso condenado

Os advogados dos EUA temem que Assange – acusado de 17 crimes de espionagem e também por uso indevido de computador – pode pegar até 175 anos de prisão se for condenado. As autoridades americanas alegam que a sentença provavelmente será muito mais curta.

Os partidários de Assange afirmam que ele é um jornalista que revelou as irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão, advertindo que a acusação tem motivação política e que não há chance de um julgamento justo nos EUA.

Em fevereiro, o advogado Clair Dobbin, que representa Washington, disse que Assange prejudicou os serviços de segurança e inteligência nacionais e "criou um risco grave e iminente" que poderia prejudicar e acarretar a detenção arbitrária de inocentes, muitos vivendo em zonas de guerra ou sob regimes repressivos.

Dobbin disse que, ao incentivar a analista de inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning e outros a invadirem computadores do governo e se apoderar de seu conteúdo, Assange estava "indo muito além" da coleta de informações como jornalista.

Dobbin falou enquanto o Tribunal Superior de Londres ouvia dois dias de argumentos sobre a possibilidade de conceder a Assange um novo recurso contra a extradição. Espera-se uma decisão em breve, possivelmente ainda em março.

Se os juízes decidirem contra Assange, ele poderá solicitar à Corte Europeia de Direitos Humanos que suspenda a extradição. No entanto seus partidários temem que possa ser colocado num avião para os EUA antes que isso aconteça, pois o governo já assinou uma ordem de extradição.

md/av (DPA, ots)