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O que se sabe sobre os objetos voadores abatidos pelos EUA

Publicado 13 de fevereiro de 2023Última atualização 17 de fevereiro de 2023

Em oito dias, autoridades americanas e canadenses derrubaram um balão chinês supostamente usado para espionagem e mais três objetos ainda não identificados, dos quais não se sabe a origem.

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Militares em um pequeno barco recolhem a cobertura do balão
Militares recolhem partes do balão chinês abatidoFoto: U.S. Fleet Forces/U.S. Navy photo/REUTERS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou em 12 de fevereiro que militares americanos abatessem mais um objeto voador não identificado (ovni) que sobrevoava a área do Lago Huron, no estado de Michigan, perto da fronteira com o Canadá. Foi o terceiro ovni abatido em três dias – e o quarto em oito dias, desde que um balão chinês supostamente espião foi derrubado, em 4 de fevereiro.

Autoridades do Pentágono afirmam que essa cadeia de eventos no espaço aéreo americano "não tem precedentes em tempos de paz".

Militares dos EUA e do Canadá recolhem os destroços dos quatro objetos para análise. "Precisamos saber de onde eles vêm, qual é o propósito e por que sua frequência está aumentando", disse a deputada Debbie Dingell, do estado de Michigan.

A seguir, confira o que se sabe sobre os quatro objetos abatidos nos céus dos EUA e do Canadá.

Os objetos abatidos

No começo de fevereiro, o Pentágono tornou público que um balão chinês, supostamente usado para espionagem, sobrevoava uma área crítica dos EUA, no estado de Montana. Após flutuar por dias sobre os EUA, ele foi abatido em 4 de fevereiro por um jato F-22 na costa da Carolina do Sul.

A China admitiu ser a dona do balão, mas disse que se travava de um equipamento civil, sobretudo para pesquisas meteorológicas, que se desviou da rota devido a ventos. O incidente causou o cancelamento da viagem do secretário de Estado americano, Antony Blinken, a Pequim e aumentou a tensão com a China. O governo chinês criticou a derrubada do balão, que tinha o tamanho de três ônibus e pesava mais de uma tonelada.

Os EUA recolheram os destroços e disseram que o balão estava equipado com várias antenas e tinha painéis solares grandes o suficiente para alimentar vários sensores de coleta de informações.

Em 10 de fevereiro, caças dos EUA derrubaram outro objeto, dessa vez no norte do Alasca, alegando que ele estava "dentro do espaço aéreo soberano dos EUA sobre as águas territoriais dos EUA". Não havia nenhum sistema de propulsão ou controle, disseram as autoridades.

No dia seguinte, um jato F-22 dos EUA, sob ordens dos governos americano e canadense, derrubou um "objeto aerotransportado de alta altitude" sobre o território central de Yukon, no Canadá, a cerca de 160 quilômetros da fronteira com os EUA, afirmando representar uma ameaça para a aviação civil.

Em 12 de fevereiro, Biden ordenou que aviões militares dos EUA derrubassem um terceiro objeto não identificado sobre o Lago Huron, no estado de Michigan, perto da fronteira com o Canadá.

F-22 voando
Caça F-22 abateu o balão chinês em 4 de fevereiroFoto: Radosław Jóźwiak/AFP

Como eram os objetos

De acordo com o governo americano, os três objetos abatidos não se assemelham muito com o balão chinês derrubado na semana anterior e são menores do que ele. No entanto, somente com a recuperação dos destroços será possível dar mais detalhes.

Em 12 de fevereiro, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, disse à emissora americana ABC que os objetos abatidos eram balões, embora menores do que o veículo chinês derrubado. Schumer disse que recebeu a informação do conselheiro de segurança nacional de Biden, Jake Sullivan. Ele acrescentou que o segundo e o terceiro objetos abatidos voavam a uma altitude de 40 mil pés, ou seja, bem mais baixa do que a do balão, que voava a aproximadamente 60 mil pés.

O objeto abatido no sábado sobre Yukon, no Canadá, foi descrito por autoridades dos EUA como um balão significativamente menor do que o chinês. Já o objeto abatido na sexta teria a forma mais cilíndrica e foi descrito como um tipo de dirigível. Ambos seriam do tamanho de um fusca e acredita-se que ambos tenham uma carga útil, anexada ou suspensa a eles, de acordo com os funcionários que falaram com a agência de notícias Associated Press sob condição de anonimato.

O quarto objeto abatido foi descrito como uma estrutura octogonal com cordas penduradas e não foi considerado uma ameaça militar. No entanto, poderia representar um perigo para a aviação civil, pois voava a cerca de 20 mil pés. Segundo o governo americano, ele não tinha uma "carga útil discernível" e foi abatido por "cautela".

Até agora, apenas o primeiro objeto foi atribuído a Pequim. Não há informações sobre a origem dos demais três objetos.

São ovnis alienígenas?

Quando se fala em ovnis, automaticamente muitas pessoas fazem relação com extraterrestres. No entanto, ovnis (ou UFOs, na sigla em inglês) são qualquer objeto ou luz visto no céu que não pode ser identificado imediatamente.

O general da Força Aérea dos EUA que supervisiona o espaço aéreo americano disse que, no momento, não descartaria a hipótese de alienígenas, assim como qualquer outra explicação.

"Vou deixar a comunidade de inteligência e a comunidade de contrainteligência descobrirem isso", disse Glen VanHerck.

No entanto, outro oficial da Defesa dos EUA – que falou sob a condição de anonimato – afirmou que os militares não viram, até agora, nenhuma evidência que sugerisse que os objetos em questão sejam de origem extraterrestre.

Propriedade de entidades comerciais e de pesquisa?

No dia 14 de fevereiro, a Casa Branca disse acreditar que os três objetos voadores derrubados nos últimos dias não estão ligados à China. Segundo o porta-voz John Kirby, eles podem ser dispositivos completamente inofensivos, usados para fins comerciais ou investigativos.

Kirby, no entanto, destacou que essa informação é provisória e que os EUA continuam procurando os restos desses três objetos para analisá-los e ter uma ideia melhor de sua natureza.

"Por enquanto, e aviso que é apenas por enquanto, não vimos nenhuma indicação ou qualquer coisa que aponte para a possibilidade específica de que esses três objetos façam parte do programa de espionagem da China, ou que estiveram envolvidos em qualquer tipo de coleta de inteligência", declarou Kirby.

O porta-voz revelou ainda que a inteligência dos EUA está considerando a possibilidade de que os objetos estejam ligados a entidades comerciais ou de pesquisa e que sejam "totalmente benignos".

No dia 16 de fevereiro, o presidente americano, Joe Biden, confirmou a informação de Kirby de que há indícios de que os outros três objetos voadores não identificados que foram derrubados por caças americanos não foram usados para espionagem e provavelmente pertenciam a empresas privadas ou instituições de pesquisa. Ele ponderou, entretanto, que não há uma conclusão sobre o assunto e que as investigações sobre os equipamentos ainda estão em curso. 

Alta incidência

Parte da explicação para tantos ovnis serem avistados e abatidos em poucos dias é que, com a descoberta do balão chinês, a vigilância do espaço aéreo aumentou.

"À luz do balão da República Popular da China que derrubamos no sábado passado [04/02], temos examinado mais de perto nosso espaço aéreo nessas altitudes, incluindo o aprimoramento de nosso radar, o que pode, pelo menos em parte, explicar o aumento [do número] de objetos que detectamos", explicou a secretária adjunta de Defesa, Melissa Dalton.

Analistas disseram que os serviços de inteligência dos Estados Unidos e do Canadá recebem constantemente grandes quantidades de dados brutos e, em geral, concentram-se na ameaça de mísseis – e não em objetos que se movem lentamente, como balões.

"Agora, é claro, estamos procurando por eles. Portanto, acho que provavelmente encontraremos mais coisas", disse Jim Himes, principal democrata do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA, à emissora NBC.

Também segundo autoridades, agora já se sabe que três balões sobrevoaram brevemente o território dos EUA durante o governo de Donald Trump – e não foram detectados na época –
 e um outro já no mandato de Joe Biden.

Balão caindo após ser abatido
EUA alegam que balão chinês era usado para espionagem. Pequim negaFoto: RANDALL HILL/REUTERS

Como estão as buscas por destroços

Equipes militares trabalhando em aviões, barcos e minissubmarinos vasculham as águas rasas da Carolina do Sul em busca do primeiro objeto, e imagens mostraram a recuperação de um grande pedaço do balão.

As operações para recuperar o segundo objeto continuam no gelo marinho perto de Deadhorse, no Alasca. No entanto, as condições climáticas do Ártico, incluindo vento frio, neve e luz do dia limitada, atrapalham as buscas.

Equipes de recuperação – apoiadas por uma aeronave de patrulha canadense CP-140 – procuram pelos destroços do terceiro objeto, em Yukon.

O Pentágono disse que o FBI está trabalhando em estreita colaboração com a polícia canadense. Sobre os destroços do quarto objeto, até a publicação deste texto não havia informação.

Ovni na China

Paralelamente, a China disse em 12 de fevereiro que se preparava para abater um objeto voador não identificado sobre o seu território, informou o jornal chinês Global Times, controlado pelo Partido Comunista Chinês.

Uma autoridade marítima chinesa disse que o objeto voador foi avistado no domingo próximo à costa da cidade de Rizhao, na província de Shandong, entre Xangai e Pequim.

le/bl (AP, dpa, Reuters, AFP)