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O que se sabe sobre os mísseis hipersônicos russos

Carla Bleiker
Publicado 23 de março de 2022Última atualização 11 de março de 2023

Rússia volta a empregar na Ucrânia uma arma extremamente rápida e difícil de detectar. Teoricamente. mísseis hipersônicos são capazes de atingir capitais europeias, voando baixo e a até dez vezes a velocidade do som.

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Militar inspeciona míssil
Ministério da Defesa russo divulgou vídeo mostrando míssil "Kinzhal" poucos dias antes da invasão da UcrâniaFoto: Russian Defense Ministry Press Service/AP/picture alliance

 

Os bombardeios desta quinta-feira (09/03), em toda a Ucrânia, estiveram entre os mais pesados infligidos pela Rússia desde o início da invasão. Segundo Kiev, na ofensiva teriam sido usados mísseis hipersónicos.

As forças russas usaram esse tipo de equipamento balístico pela primeira vez em 18 de março de 2022, contra um depósito de armamentos e munição no lugarejo de Deliatyn. Na ocasião, o presidente americano, Joe Biden, admitiu que os mísseis eram "quase impossíveis de deter".

Ao apresentar o arsenal nacional em 2018, seu homólogo russo, Vladimir Putin, já louvora as novas armas como "invencíveis". Pode ter sido uma descrição exagerada para fins de propaganda, mas contém um quê de verdade: mísseis hipersônicos diferem das armas balísticas convencionais de maneiras que os tornam extremamente difíceis de ser identificados e interceptados pelos sistemas de defesa. É sobretudo uma questão de velocidade e altitude.

Alta velocidade, baixa altitude

Mísseis hipersônicos alcançam de Mach 5 a Mach 10 – ou seja, voam de cinco a dez vezes mais rápido do que o som. O tipo usado para destruir o depósito de Deliatyn foi um "Kinzhal" ("adaga" em russo), de oito metros de comprimento.

Segundo certas fontes, ele alcança 6 mil quilômetros por hora, o que seria Mach 5, outros lhe atribuem velocidade Mach 9 ou até Mach 10. Seja como for, é rápido. Tanto, que "a pressão do ar na frente da arma forma uma nuvem de plasma que absorve ondas de rádio", explicam os peritos armamentistas do website americano Military.com. Isso dificulta muito a detecção dos Kinzhal e outras armas hipersônicas por sistemas de radar.

O segundo motivo para a baixa detectabilidade, é que eles voam muito mais baixo do que os mísseis balísticos convencionais, no que se denomina uma "trajetória balística de baixa atmosfera". Isso implica que, quando um sistema de defesa baseado em radar os localiza, eles já estão tão perto do alvo que em muitos casos não é mais possível interceptá-los. Para completar, são capazes de mudar de direção em pleno voo.

Capitais europeias no raio de alcance

Os mísseis hipersônicos podem ser lançados a partir do ar e de navios e submarinos, e estão aptos a portar ogivas nucleares. Os Kinzhal atingem alvos a até 2 mil quilômetros de distância, enquanto outros armamentos semelhantes alcançam cerca de mil quilômetros.

Caso estacionados no exclave russo de Kaliningrado, no Mar Báltico, por exemplo, eles teriam em seu raio de alcance diversas capitais europeias. Berlim fica a menos de 600 quilômetros.

Na época das primeiras ofensivas hipersônicas, contudo, analistas sustentaram tratar-se de eventos isolados: apesar das vantagens perante os foguetes convencionais, Moscou não os empregaria indiscriminadamente na guerra contra a Ucrânia, até por não dispor de um grande número deles.

Em maio de 2022, o general da Força Aérea dos EUA Glen D. Van Herck afirmou a um subcomitê do Senado para serviços armados que a Rússia estaria tendo problemas com seus mísseis hipersônicos na Ucrânia, no tocante à precisão.