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Nobel Alternativo premia defensores de direitos humanos

30 de novembro de 2022

Right Livelihood Award de 2022 reconhece ativistas de Ucrânia, Somália, Uganda e Venezuela. Entre os focos dos premiados estão documentação de crimes de guerra russos, reabilitação de crianças-soldado e economia verde.

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A ucraniana Oleksandra Matviichuk preside o Centro pelas Liberdades Civis na Ucrânia
A ucraniana Oleksandra Matviichuk preside o Centro pelas Liberdades Civis na UcrâniaFoto: 2022 Right Livelihood

Ativistas e instituições de Ucrânia, Somália, Uganda e Venezuela foram agraciados nesta quarta-feira (30/11) com o Right Livelihood Award de 2022 – prêmio conhecido como Nobel Alternativo .

A ucraniana Oleksandra Matviichuk, proeminente defensora dos direitos humanos, e o Centro pelas Liberdades Civis (CCL), com sede em Kiev, receberam a honraria "por construir instituições democráticas sustentáveis na Ucrânia e moldar um caminho para a responsabilização internacional de crimes de guerra". Esta foi a primeira vez que o prêmio foi concedido a um grupo baseado na Ucrânia.

Matviichuk é presidente do CCL. Ela e a organização são apontados como fundamentais no fortalecimento da sociedade civil ucraniana e de instituições nacionais por mais de uma década. Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, eles têm documentado crimes de guerra e violações de direitos humanos, visando responsabilizar os perpetradores.

Em setembro, quando os vencedores do Nobel Alternativo foram anunciados, Matviichuk afirmou à DW que em sete meses de agressões em larga escala por parte da Rússia na Ucrânia, o CCL havia documentado mais de 19 mil crimes de guerra. "Isso nos mostra que é [algo] sistemático, tem caráter de larga escala, e que a Rússia usa crimes de guerra como método de guerra", disse.

 

Da Somália, a dupla formada por mãe e filha Fartuun Adan e Ilwad Elman foi homenageada "por promover a paz, a desmilitarização e os direitos humanos na Somália diante do terrorismo e da violência de gênero". Elas também lideram iniciativas de consolidação da paz em comunidades e oferecem apoio a populações marginalizadas.

Atuando por meio da organização Elman-Peace, Adan e Elman amparam sobreviventes de violência de gênero, desarmarem e reabilitarem crianças que atuaram como soldados e ajudam a desenvolver habilidades de liderança entre mulheres e jovens.

Ilwad Elman veste um blazer escuro e um cachecol, e sua mãe, Fartuun Adan, está com um vestido branco e um lenço escuro na cabeça.
Filha e mãe: Ilwad Elman and Fartuun Adan, da Somália, promovem os direitos humanos e amparam sobreviventes de violência de gêneroFoto: Elman Peace

Também do continente africano, a organização ambiental Instituto África de Governança Energética (AFIEGO), de Uganda, ganhou o prêmio por sua oposição a projetos que buscam explorar as reservas de petróleo no país.

"Quando o governo está ciente de que há pessoas do mundo inteiro que apreciam nosso trabalho, eles pensam duas vezes antes de atacar nossas comunidades ou mesmo nós", afirmou Dickens Kamugisha, CEO do AFIEGO, segundo o qual a indústria petrolífera não está trazendo empregos ou oportunidades para os ugandenses.

"O que temos pedido ao governo é que olhe para a economia verde, para oportunidades que criem benefícios sustentáveis e de longo prazo", disse ele à DW em setembro.

A rede Cecosesola, da Venezuela, foi homenageada "por estabelecer um modelo econômico equitativo como alternativa às economias orientadas para o lucro".

A Cecosesola é uma rede de organizações comunitárias de áreas de baixa renda. Ela produz e fornece bens e serviços a preços acessíveis para mais de 100 mil famílias em sete estados venezuelanos. Em uma economia prejudicada pela instabilidade, os diversos serviços oferecidos pela rede têm preços bem abaixo dos do varejo, e a rede é quase inteiramente autofinanciada.

O Nobel Alternativo

Criada em 1980, a fundação sueca Right Livelihood premia anualmente os esforços nas áreas de direitos humanos, direitos civis, meio ambiente e liberdade de imprensa, as quais o fundador do prêmio, o filantropo sueco-alemão Jakob von Uexküll, acreditava estarem sendo ignoradas pelos prêmios Nobel.

Neste ano, 175 agentes de mudança, de 77 países, concorreram ao Nobel Alternativo. Em 2021, o prêmio foi concedido a ativistas feministas e ambientais de Camarões, Rússia e Canadá.

gb/lf (AP, dpa)