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CatástrofePaquistão

Número de mortos em ataque a bomba no Paquistão sobe para 47

30 de julho de 2023

Segundo autoridades, mais de cem pessoas ficaram feridas após homem-bomba detonar explosivo durante evento político no distrito de Bajur, antigo reduto do Talibã paquistanês. Testemunhas relatam cenas de terror.

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Ambulância cercada de homens após atentado no Paquistão.
Imagens mostram corpos espalhados e voluntários ajudando a levar vítimas ensanguentadas para as ambulânciasFoto: Rescue 1122 Head Quarters/AP/picture alliance

Subiu para 47 o número de pessoas mortas neste domingo (30/07) devido à explosão de uma bomba durante um comício político de um partido islâmico no noroeste do Paquistão. O incidente deixou ainda pelo menos cem feridos, em um dos piores ataques dos últimos anos no país asiático.

O comício reunia mais de 400 membros e simpatizantes da sigla religiosa conservadora Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), do clérigo linha-dura Maulana Fazlur Rehman, nos arredores da cidade de Khar, capital do distrito de Bajur, perto da fronteira com o Afeganistão. Autoridades disseram que a explosão foi provocada por um homem-bomba.

"Foi um atentado suicida, e o homem-bomba se explodiu perto do local [do comício]", afirmou Riaz Anwar, representante do Ministério da Saúde na província de Jaiber Pastunjuá, à agência de notícias AFP.

À agência EFE, a polícia de Khar disse que "há mais de 100 feridos. A investigação está em andamento e ninguém foi preso até agora em conexão com a explosão".

Imagens do incidente mostraram cenas de horror, com corpos espalhados e voluntários ajudando a levar vítimas ensanguentadas para as ambulâncias.

"A tenda [onde ocorria o comício] desabou de um lado, prendendo pessoas que tentavam desesperadamente escapar. Era uma confusão total, havia carne humana, restos de membros espalhados e cadáveres", relatou uma testemunha à AFP.

Por telefone, um outro partidário de 24 anos contou que fraturou o braço durante a explosão: "Me vi deitado ao lado de uma pessoa que havia perdido as pernas. O ar estava intoxicado com cheiro de carne humana."

A Assembleia Nacional do Paquistão será dissolvida nas próximas semanas, antes das eleições previstas para outubro ou novembro, e os partidos políticos estão atualmente em campanha.

"[O ataque] Faz parte da violência terrorista que parece estar aumentando no Paquistão antes do pleito para criar uma sensação de instabilidade que pode levar ao adiamento das eleições", afirmou Imtiaz Gul, diretor executivo do think tank Center for Research and Security Studies (CRSS), com sede em Islamabad.

Antigo reduto do Talibã paquistanês

O distrito de Bajur costumava ser um refúgio para militantes islâmicos. É o antigo reduto do Talibã paquistanês, conhecido como Tehreek-e-Taliban Pakistan, ou TTP, um grupo que tem fortes laços com o governo talibã do Afeganistão. O TTP acabou sendo expulso da região nos últimos anos como resultado de operações do exército paquistanês.

Contudo, houve um aumento significativo de ataques no Paquistão desde que o Talibã afegão voltou ao poder em Cabul, em 2021. O TTP costuma ter como alvo oficiais de segurança e policiais em suas operações.

Em janeiro, um homem-bomba ligado ao Talibã paquistanês se detonou em uma mesquita dentro de um complexo policial na cidade de Peshawar, matando mais de 80 policiais.

Os ataques se concentraram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão. Islamabad alega que alguns estão sendo planejados em solo afegão, uma acusação que Cabul nega.

Em comunicado enviado à agência de notícias Associated Press, o TTP condenou o ataque deste domingo, afirmando que ele visa colocar islâmicos uns contra os outros.

Zabiullah Mujahid, um porta-voz do Talibã afegão, também condenou a explosão e expressou "suas mais profundas condolências às famílias afetadas. Tais crimes não podem ser justificados de forma alguma", escreveu no Twitter.

EI realizou ataques contra o partido

Até agora, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado em Khar. Recentemente, contudo, o braço local do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) chegou a realizar ataques contra o partido JUI-F.

No ano passado, o EI afirmou estar por trás de ataques violentos contra estudiosos religiosos afiliados à legenda, que tem uma enorme rede de mesquitas e escolas no norte e no oeste do país.

O grupo jihadista acusa o JUI-F de hipocrisia por ser um grupo religioso islâmico que apoiou sucessivos governos e os militares.

ek/gb (AFP, AP)