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Mulher pode ter sido curada do HIV com células-tronco

16 de fevereiro de 2022

Paciente de Nova York pode ser a primeira mulher e a terceira pessoa do mundo curada do vírus. Por enquanto, tratamento inovador é limitado a casos específicos, mas traz esperança para mais curas no futuro.

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Mãos com luvas cirúrgicas brancas aplicam seringa em braço
Segundo cientistas, a paciente não apresenta níveis detectáveis de HIV há 14 mesesFoto: Roberto Escobar/dpa/picture alliance

Uma americana se tornou a terceira pessoa e a primeira mulher possivelmente curada do HIV após passar por um transplante de células-tronco procedentes de um doador com resistência natural ao vírus que causa a aids.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (15/02) durante uma conferência realizada em Denver (Colorado, Estados Unidos) pela equipe de especialistas que trataram a paciente, de 64 anos, em Nova York. A pesquisa ainda não foi publicada numa revista científica. 

Conhecida como "Paciente de Nova York", a mulher primeiro foi diagnosticada com HIV e depois com leucemia mieloide aguda, um tipo de câncer relacionado à diminuição da produção de células sanguíneas normais da medula óssea.

Como tratamento para a leucemia, ela recebeu um transplante de células-tronco de um cordão umbilical, complementado com células adultas doadas por um parente.

Três anos depois do transplante, a paciente parou de usar medicamentos antirretrovirais para controlar o vírus. E 14 meses depois, não apresenta níveis detectáveis de HIV, segundo os cientistas. Portanto, ela é considerada livre do vírus e será considerada curada se não houver alterações.

Os dois casos anteriores de cura do HIV ocorreram em homens que receberam células-tronco adultas, que são usadas com frequência em transplantes de medula. As células transplantadas nos três casos de cura conhecidos vieram de indivíduos que possuem uma mutação genética que os torna resistentes ao vírus.

"Este é o terceiro relato de uma cura nesse cenário, e o primeiro de uma mulher vivendo com HIV", afirmou Sharon Lewin, presidente eleita da Sociedade Internacional de Aids.

Amplo estudo

O caso da "Paciente de Nova York" é parte de um amplo estudo apoiado pelo governo dos EUA, liderado pelas pesquisadoras Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

O objetivo é acompanhar 25 pessoas com HIV submetidas a transplantes com células-tronco retiradas do cordão umbilical para o tratamento de câncer e de outras condições graves.

No âmbito do estudo, os pacientes primeiro passam por quimioterapia e depois recebem o transplante de células-tronco de indivíduos portadores da mutação que faz com eles não tenham os receptores usados pelo HIV para infectar células. Cientistas acreditam que os pacientes então desenvolvam um sistema imunológico resistente ao vírus.

Esperança de cura para mais pessoas

Segundo os cientistas, o uso de sangue de cordão umbilical não exige o mesmo nível de compatibilidade entre doador e receptor necessário no caso de células adultas, o que pode tornar esse tipo de tratamento acessível para mais pessoas.

De qualquer forma, os especialistas ressaltam que a cura do HIV por meio de transplantes de células-tronco ainda se limita a casos em que o paciente sofre de câncer ou outra doença grave que justifique um procedimento tão complexo e potencialmente fatal.

Por enquanto, a terapia com células-tronco "continua sendo uma estratégia viável para apenas um punhado dos milhões que vivem com HIV", afirmou Persaud à emissora NBC.

No entanto, Lewin, da Sociedade Internacional de Aids, disse que o novo caso "confirma que uma cura para o HIV é possível e fortalece o uso de terapia genética como estratégia viável".

lf (Efe, Reuters)