Remédios caros
11 de março de 2010O ministro alemão da Saúde, Philipp Rösler, quer pressionar a indústria farmacêutica para que haja redução dos preços de medicamentos no país.
Uma de suas propostas visa influir na relação entre a indústria farmacêutica e as seguradoras de saúde públicas. Atualmente, os produtores de medicamentos têm a liberdade para dar seus próprios preços para as medicações novas no mercado alemão.
Rösler também quer que o efeito do medicamento seja comprovado antes da entrada no mercado. "Quando o produtor levar seus produtos ao mercado, terá que provar cientificamente as vantagens para os pacientes. O que será fiscalizado de forma acurada. Assim podemos reconhecer se já existem drogas similares no mercado", afirmou o ministro.
Ele pretende forçar, além disso, uma redução de preços, através de descontos compulsórios e congelamento de preços. O ministro espera, com as medidas, economizar aos caixas públicos cerca de 2 bilhões de euros.
Mercado lucrativo para indústria
O sistema alemão é particularmente lucrativo para a indústria. "Os medicamentos são muito caros na Alemanha", afirmou Rösler. "Por isso, queremos obrigar as empresas farmacêuticas a negociar contratos com as seguradoras de saúde", declarou. As seguradoras de saúde públicas alemãs gastam anualmente 30 bilhões de euros em remédios, um quinto do seu orçamento.
O especialista em saúde da bancada dos democrata-cristãos no parlamento alemão, Jens Spahn, elogiou a ideia. Segundo ele, as empresas farmacêuticas devem no futuro comprovar se seus medicamentos novos representam uma melhoria que justifique um preço mais alto.
Comércio de tapetes
A oposição, entretanto, acusa Rösler de ingenuidade. "A indústria farmacêutica vai chegar às negociações com preços nos quais os descontos já estão previstos", afirmou Karl Lauterbach, especialista em saúde da bancada social-democrata no parlamento alemão.
Lauterbach acha que medidas serão inócuas. "É como no comércio de tapetes. Se quero 100% do preço, subo o preço 20%, para depois poder dar o desconto", comparou.
MD/epd/ap
Revisão: Augusto Valente