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História

Memorial de Auschwitz reabre para visitantes

Heike Mund md
1 de julho de 2020

Após meses de pausa devido à pandemia e restaurações, antigo campo de concentração nazista volta a receber visitantes, sob rígidas medidas de higiene. Museu situado na Polônia tenta agora superar queda de receita.

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Entrada do Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau
Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau é Patrimônio Mundial da Unesco desde 1979Foto: Alex Pantcykov/dpa/Sputnik/picture-alliance

Como muitos museus na Europa, o Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, nos arredores da cidade de Oświęcim, no sul da Polônia, foi severamente afetado pela pandemia de coronavírus. Em 12 de março de 2020, o memorial no local do antigo campo de concentração e extermínio nazista alemão foi fechado aos visitantes. As visitas guiadas não podiam mais ser realizadas.

"O orçamento entrou em colapso", anunciou o site do museu, com um pedido de doações. "Estamos fazendo um apelo a todos aqueles preocupados em preservar a memória." O extenso trabalho memorial é financiado em grande parte por excursões em grupo pagas, pré-agendadas na internet, em 19 idiomas. Os 328 guias que fazem excursões diárias no lugar estão desempregados desde que o museu foi fechado.

"Para muitos funcionários do memorial, [a reabertura] tornou-se uma questão de sobrevivência", disse Christoph Heubner, vice-presidente executivo do Comitê Internacional de Auschwitz, em entrevista à DW. "Pessoas de todo o mundo vêm a este lugar, e os guias são os comunicadores que explicam o que estão vendo – no que hoje é quase uma paisagem idílica."

A reabertura nesta quarta-feira (01/07) marca uma nova era para o Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, estabelecido em 1947 como local memorial pelo Parlamento polonês, por iniciativa de ex-prisioneiros de campos de concentração. O acesso do público e o trabalho da equipe do museu estão agora severamente restritos, seguindo as medidas de higiene do coronavírus.

Regulamentos de distanciamento, máscaras de proteção e um sistema obrigatório de deslocamento "unidirecional" nas instalações são agora padrão. Não são permitidas mais de 15 pessoas em um mesmo grupo guiado. Com isso, a renda normalmente gerada pelas visitas guiadas foi reduzida pela metade.

Malas marcadas por escrita em tinta branca
Pertences dos prisioneiros do campo de concentração: cada uma dessas malas foi cuidadosamente restaurada e guardadaFoto: DW/J. Hahn

A entrada no memorial permanece gratuita. Não apenas os diretores do museu sentem que cobrar pelo ingresso seria uma afronta aos idosos sobreviventes do Holocausto que ainda vêm ao museu para conversar e interagir com os mais jovens.

"Até agora, o memorial sempre foi muito cuidadoso com essa questão", diz Heubner. "Cobrar os sobreviventes pela entrada neste lugar terrível, onde foram maltratados e torturados, seria inimaginável."

"Mesmo na situação financeira atual, cobrar temporariamente a entrada nunca foi uma opção", explicou Piotr Cywiński, diretor do Museu e Memorial de Auschwitz, em entrevista à agência de notícias católica alemã KNA. "No entanto, muitos programas e investimentos tiveram que ser retirados ou adiados para o futuro."

O museu deposita suas esperanças em um sistema de contribuição voluntária. Os visitantes podem doar uma quantia que considerem apropriada depois de visitarem o lugar. As vendas das publicações do museu também vão para o financiamento do memorial.

Durante os meses de fechamento, os custos aumentaram com a restauração e os trabalhos de manutenção urgentemente necessários. O memorial possui 155 edifícios e 300 ruínas. "Os trabalhos de paisagismo e jardinagem precisam ser mantidos no local", conta Heubner. "Você não pode fechá-lo e deixar a natureza seguir seu curso. Os 170 hectares de Auschwitz-Birkenau são uma área muito úmida, o que significa que as fundações dos barracões restantes devem ser continuamente reparadas para que não desabem."

Christoph Heubner, vice-presidente executivo do Comitê Internacional de Auschwitz
Christoph Heubner: "Para muitos funcionários do memorial, reabertura tornou-se uma questão de sobrevivência"Foto: DW/H. Mund

Há outra razão para manter tudo cuidadosamente preservado para o futuro. "É a cena do crime em que entes queridos, famílias e muitas pessoas foram mortas. Este é o seu cemitério", destaca Heubner, que trabalha há décadas com ex-prisioneiros de Auschwitz. "Para os sobreviventes do Holocausto em todo o mundo, é um lugar que não deve desaparecer da face da Terra, para que a humanidade possa se lembrar do que aconteceu aqui."

Em todo o mundo, muitos museus investiram na visita online. Mas para um lugar historicamente carregado como Auschwitz, um Patrimônio Mundial da Unesco desde 1979, isso não é alternativa. "Ainda percebemos que as mensagens digitais não podem substituir a conexão interpessoal, a intimidade entre as pessoas e o olhar de horror que as pessoas compartilham quando estão no terreno de Auschwitz", diz Heubner.

Ele também destaca a interação pessoal e os encontros entre as gerações que se prolongam por décadas no International Youth Meeting Center em Oświęcim, que realça o trabalho do memorial. Por exemplo, trainees e jovens executivos da montadora Volkswagen e outras empresas alemãs viajam para lá todos os anos para programas educacionais.

Em 2019, o governo alemão depositou outros 60 milhões de euros (360 milhões de reais) no capital social da Fundação Auschwitz-Birkenau. "A Alemanha mantém totalmente sua responsabilidade histórica", declararam as autoridades alemãs antes da visita da chanceler federal Angela Merkel a Auschwitz em dezembro passado.

Heubner, no entanto, teme mais perdas financeiras graves para o museu devido à falta de visitas de turmas escolares e grupos de jovens de todo o mundo. "Neste momento, ainda é difícil estimar para 2020, mas para 2021, o número de visitantes deverá cair em um quarto."

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