Um mito faz 60 anos
7 de novembro de 2007Para seus legítimos fãs, a Kombi (do alemão Kombinationsfahrzeug, veículo combinado), não é um meio de transporte qualquer. Ela pode até ser considerada um membro da família, com caráter próprio: como, por exemplo, o modelo T2 de 1977, presenteado por Michael Daun, da cidade alemã de Bonn, a sua esposa Sabrina no dia do casamento.
Ela conta que foi uma grande surpresa quando o noivo lhe deu o presente ao saírem do cartório, 30 anos atrás. A Kombi, de cor verde, foi usada na lua-de-mel do casal e acompanha a família até os dias atuais.
A fama do veículo que virou mito não só na Alemanha começou nos anos 1960, nas rotas empoeiradas dos hippies para Goa, na Índia, passando por Istambul, Teerã e Cabul.
Os jovens que viajavam pelo mundo usavam os 'Bullis', como o modelo é chamado na Alemanha: o versátil veículo era econômico, robusto e espaçoso. A Kombi é um produto característico do milagre econômico da então jovem República Federal da Alemanha. Ele reflete não só o gosto da época, como também a dinâmica da mobilidade como símbolo de uma nova era.
Também nos Estados Unidos, era comum encontrar a Kombi pintada com cores psicodélicas, símbolos do movimento pacifista e flores nas comunidades jovens da Califórnia e São Francisco.
Modelo tem pai holandês
A história da Kombi começou em 1947, quando Ben Pon, um holandês proprietário de uma concessionária da Volks, observou chassis de Fusca transformados em veículos de transporte na unidade de Wolfsburg. A idéia o inspirou a apresentar alguns rascunhos de um veículo utilitário, a ser usado no transporte de passageiros e de cargas.
O protótipo do pequeno utilitário – Tipo 29, como foi chamado internamente o veículo cuja caçamba foi montada em cima do chassi de um Fusca – ficou pronto em menos de seis meses. O programa de testes, no entanto, não deu certo devido a problemas com a carroceria. Mas já este modelo tinha o característico motor dianteiro e o formato redondo.
Superados os problemas iniciais, a produção em série começou em 8 de março de 1950: com uma potência de 25 cavalos, velocidade máxima de 100 km/hora e ao preço de 5.850 marcos.
Veículo de grande versatilidade
Praticamente toda a técnica foi copiada do Fusca, cuja forma redonda inspirou as duas primeiras gerações – chamadas T1 e T2 (do alemão Transporter). Esta característica lhe valeu o primeiro apelido na Alemanha: Bulli, uma mistura de Bus com Lieferwagen (furgão).
Para Sabrina e Michael Daun, a típica dianteira da Kombi parece "um carro sorridente". O clássico design de sua frente pode ser encontrado, entre outros, na locomotiva a diesel classe V200 da companhia ferroviária alemã.
O sucesso da Kombi foi tão grande que, nos cinco primeiro anos de sua produção, chegaram a ser fabricadas dezenas de arranjos de carroceria diferentes. Havia Kombi de todo o tipo: microônibus, picape, carro de bombeiros, ambulância, furgão refrigerado, furgão para a polícia e até mesmo veículos para camping, com teto móvel.