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Catástrofe

Justiça japonesa absolve acusados por desastre de Fukushima

19 de setembro de 2019

Juiz considera que executivos da Tepco, que administrava a usina nuclear, não poderiam prever as dimensões do tsunami que devastou a região. Decisão gera revolta e deve ser alvo de recurso.

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Vista aérea da usina nuclear de Fukushima
Desastre nuclear de Fukushima, em 2011, ocorreu após local ser atingido por tsunamiFoto: picture-alliance/AP Photo/Yomiuri Shimbun/Y. Nishi

Um tribunal japonês absolveu três diretores da empresa de energia Tepco de acusações de negligência profissional nesta quinta-feira (19/09), no único julgamento criminal referente ao acidente com os reatores nucleares da usina de Fukushima, em 2011.

Os acusados eram o ex-presidente da Tepco Tsunehisa Katsumata e os executivos Sakae Muto e Ichiro Takekuro, que trabalhavam na usina de Fukushima Daiichi. Se condenados, estariam sujeitos a penas de cinco anos de prisão, mas o juiz Kenichi Nagafuchi considerou que eles não poderiam prever a escala do tsunami que atingiu o local e provocou o acidente.

O julgamento, iniciado em junho de 2017, foi conduzido por advogados indicados pelo Estado, após os promotores decidirem não acusar formalmente os ex-executivos da maior fornecedora de energia do Japão. A acusação de negligência profissional se baseava na falta de ação dos réus, mesmo estando de posse de informações sobre os riscos de um tsunami de grandes proporções.

Os advogados da acusação afirmaram que os executivos tinham acesso a dados e estudos que anteviam o risco na região de um tsunami com mais de dez metros de altura, e alertavam para a perda de energia e um desastre nuclear. Contudo o juiz Nagafuchi considerou que, mesmo que os eles estivessem cientes dos riscos, não ficou claro que poderiam tomar as medidas preventivas a tempo.

Os três acusados pediram desculpas pelo ocorrido e afirmaram não ter podido prever o desastre, e que acreditavam que os responsáveis pela segurança nuclear da empresa tivessem tomado as medidas adequadas. "É difícil lidar com temas que são incertos e obscuros", disse o ex-executivo Takekuro.

Do lado de fora do tribunal, dezenas de cidadãos protestaram contra a decisão, alguns vindos diretamente de Fukushima. A Tepco evitou comentar o veredicto, optando por apenas repetir o pedido de "sinceras desculpas pelo grande inconveniente e pelas preocupações" causadas pelo desastre.

Ex-presidente da Tepco Tsunehisa Katsumata (esq) e ex-executivos Sakae Muto e Ichiro Takekuro (dir.)
Ex-presidente da Tepco Tsunehisa Katsumata (esq) e ex-executivos Sakae Muto e Ichiro Takekuro (dir.)Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Yonemaru

A região da usina de Fukushima Daiichi, a 220 quilômetros de Tóquio, foi atingida em março de 2011 por um terremoto de magnitude 9.0, que gerou um tsunami de proporções catastróficas.

O incidente provocou o derretimento de três reatores nucleares da usina, no pior desastre nuclear desde o de Chernobyl, em 1986, e obrigou o Japão a desativar todos os demais reatores do país. Mais de 160 mil moradores tiveram que deixar a região, onde a água, o ar e os alimentos foram contaminados pela radiação.

A absolvição dos executivos deverá ser alvo de recurso, fazendo com que, depois de oito anos, o processo se arraste ainda mais. Ainda tramitam na Justiça dezenas de ações contra a Tepco e o governo japonês, referentes ao desastre de Fukushima. Algumas cortes locais ordenaram o pagamento de indenizações aos moradores das regiões afetadas.

RC/rtr/afp

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