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Judeus na defensiva após os atentados

(dpa) / lk10 de setembro de 2002

Os atentados praticados por extremistas árabes a 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington agravaram a situação dos judeus no mundo inteiro.

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Policiais diante de uma sinagoga em Essen, na AlemanhaFoto: AP

Israelenses e intelectuais judaicos registram com perplexidade um resultado paradoxal do terrorismo islâmico: o crescente anti-semitismo. "Desde o 11 de setembro, os judeus da Alemanha e do mundo inteiro têm infelizmente mais razão de terem medo", acentua Paul Spiegel, presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha.

De 12 meses para cá, cresceu na Europa o número de atentados contra pessoas e entidades israelitas, bem como os casos de vandalismo em sinagogas ou cemitérios judaicos. Na França, por exemplo, o número de 200 ocorrências registradas em todo o ano de 2001 foi superado em questão de poucos meses, em 2002. O presidente Jacques Chirac rechaçou acusações norte-americanas de um anti-semitismo crescente, mas admitiu que existem "tensões que precisam ser levadas a sério".

"Não que a Europa seja anti-semita, mas têm surgido de novo, principalmente após o 11 de setembro, correntes contra os judeus", opina Daniel Cohn-Bendit, deputado do Parlamento Europeu.

Conseqüência imediata dos atentados

As ocorrências anti-semitas começaram a ser registradas praticamente desde que ocorreram os atentados. Os meios de comunicação árabes chegaram a acusar o serviço secreto de Israel, o Mossad, de ter engendrado os ataques em Nova York e Washington. Como pretensa prova, citava-se o fato de que 3 mil judeus teriam sido avisados a tempo, tendo deixado por isso de ir ao trabalho, naquele dia.

Na Europa, intelectuais e políticos passaram a atribuir a Israel e sua política de ocupação e assentamentos pelo menos uma parte da culpa pelos atentados, quando não a causa verdadeira da "guerra santa" de Osama Bin Laden.

"É absurdo estabelecer uma ligação entre Israel e o terrorismo islâmico. Responsabilizar Israel significa colocar o país no papel tradicionalmente atribuído ao 'judeu', ou seja, o de ser perturbador da ordem e bode expiatório de tudo o que acontece", analisa o historiador Michael Wolfssohn.

Na Alemanha, os judeus continuam sendo um tema muito sensível, com o qual os alemães têm dificuldade de lidar. Alguns dos mais acirrados debates dos últimos meses, envolvendo políticos e intelectuais, tiveram a ver com esse assunto. Um exemplo é o mais recente romance de Martin Walser, Tod eines Kritikers (Morte de um Crítico), que valeu ao autor a acusação de ter se servido de estereótipos anti-semitas, detonando uma ampla polêmica.