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Johnson é criticado por manter aliado que violou isolamento

25 de maio de 2020

Braço direito do líder britânico viajou 400 quilômetros para ficar na casa dos pais, apesar de apresentar sintomas de covid-19. Premiê defendeu assessor e gerou revolta até mesmo entre membros do seu partido.

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England Dominic Cummings
O assessor Dominic Cummings. Ele disse que não violou nenhuma regra, mas gerou revolta até mesmo no partido de JohnsonFoto: picture-alliance/empics/A. Chown

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, passou a enfrentar críticas até mesmo entre as fileiras do seu partido nesta segunda-feira (25/05) após se se recusar a demitir um de seus assessores mais próximos, Dominic Cummings, que foi acusado de ignorar as regras de isolamento e viajar 400 quilômetros para fora de Londres ao mesmo tempo em que apresentava sintomas de covid-19.

Johnson não só se recusou a demitir Cummings, como também defendeu o assessor e disse que ele agiu legalmente e com integridade.

"Eu acho que, em todos os aspetos, ele agiu com responsabilidade, legalidade e integridade", disse Johnson durante uma conferência de imprensa no domingo.

Segundo o primeiro-ministro, Cummings "seguiu os instintos que qualquer pai ou familiar seguiriam" numa situação semelhante. O discurso de Johnson foi endossado pelo ministro de Estado, Michael Gove: "Cuidar da esposa e filho não é um crime", escreveu no Twitter. O ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab, fez coro e escreveu na rede social que "dois pais com coronavírus estavam cuidando ansiosamente de seu filho pequeno”, acrescentando que "aqueles que agora procuram politizar devem dar uma longa olhada no espelho".

Mas nem todos os apoiadores do governo endossaram a defesa de Cummings. Cerca de 20 parlamentares conservadores desafiaram Johnson pedindo publicamente que Cummings renuncie ou seja demitido. Eles afirmam que foram inundados por correspondências de eleitores que seguiram as orientações e agora sentem que existe uma regra para pessoas próximas do premiê e outra para cidadãos comuns.

"O governo deveria reconhecer o que as famílias passaram e o que as pessoas estão pensando e dizendo. Portanto, é importante Dominic Cummings se retirar agora", disse o parlamentar conservador Peter Aldous no Twitter.

Desde sexta-feira, Cummings é alvo da mídia britânica, que denunciou a quebra de regras do assessor de Johnson. Os jornais The Guardian e Daily Mirror foram os primeiros a divulgar que o braço direito do premiê, considerado um dos "arquitetos do Brexit", e sua esposa viajaram, no fim de março, de Londres para a cidade de Durham, a mais de 400 quilômetros da capital, mesmo estando com sintomas de covid-19.

Depois, os jornais The Observer e Sunday Mirror noticiaram que testemunhas viram Cummings no dia 12 de abril em Barnard Castle, uma localidade turística a 48 quilômetros de Durham.

Muitos viram hipocrisia no gesto, dado que à época o governo vinha pedindo para que todos ficassem em casa. Quem mora em uma casa na qual qualquer pessoa tem sintomas deve se isolar no domicílio por 14 dias.

"Em que planeta eles vivem?", indagou a manchete do Daily Mail, jornal de direita influente que costuma apoiar Johnson.

O Reino Unido tem mais de 260 mil casos do novo coronavírus e mais de 36 mil mortes, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.

Cientistas e parlamentares apontaram ainda que o furor causado por Cummings tornará mais difícil fazer com que o público continue obedecendo as orientações oficiais sobre o distanciamento social.

Uma fonte próxima ao assessor, porém, garantiu que não houve descumprimento das regras, e que a viagem aconteceu para que eles levassem o filho para ser cuidado pelos avós, enquanto ficariam em isolamento em outro local.

Porém, em março, o próprio Johnson havia orientado que a população não deveria recorrer ao auxílio dos avós ou outros familiares mais velhos para cuidar de crianças.

Além de partidos políticos, personalidades e entidades também contestaram a atitude do assessor. A Faculdade de Saúde Pública disse que, ao menos, é necessária uma investigação.

O Partido Trabalhista, da oposição, também cobrou explicação. "A instrução do governo era muito clara: fiquem em casa e não façam viagens que não sejam essenciais", afirmou um porta-voz do partido. 
 

LE/afp/lusa/efe

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