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MigraçãoItália

Itália culpa grupo Wagner pelo aumento da migração

14 de março de 2023

Ministros italianos dizem que aumento do fluxo migratório da África para Europa é uma "estratégia clara da guerra híbrida" adotada pela organização paramilitar russa. Mercenários atuam em vários países africanos.

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Três pessoas com roupas especiais recebem um migrante
Sobrevivente de um naufrágio é recebido na SicíliaFoto: Antonio Parrinello/REUTERS

Os ministros da Defesa e do Exterior da Itália culparam nesta segunda-feira (14/03) a atuação da organização paramilitar privada russa Grupo Wagner na Áfricapelo aumento do fluxo de migrantes que tentam chegar ao país europeu pelo mar Mediterrâneo. O líder do grupo mercenário, Yevgeny Prigozhin, refutou as acusações.

O ministro italiano da Defesa, Guido Crosetto, disse que a fuga dos migrantes para a Itália seria, em parte, devido à estratégia desenvolvida pelo Wagner em vários países africanos. 

"Parece-me seguro dizer que o aumento exponencial do fenômeno migratório proveniente das costas africanas é também, em dimensão significativa, parte de uma estratégia clara da guerra híbrida que o Wagner, mercenários pagos pela Rússia, está realizando, usando o seu peso considerável em alguns países africanos", declarou Crosetto.

Além de atuar ao lado da Rússia na guerra da Ucrânia, o grupo opera em vários países africanos, como Mali, República Centro-Africana, Sudão, Síria e Líbia. A Itália é um forte defensor da Ucrânia, enviando ajuda e armas para se defender de Moscou.

"Assim como a União Europeia, a Otan e o Ocidente perceberam que os ataques cibernéticos faziam parte do confronto global que a guerra na Ucrânia abriu, eles devem agora entender que a frente do sul da Europa também está se tornando mais perigosa a cada dia", disse Crosetto.

Prigozhin contestou as acusações e disse que Crosetto "deveria tratar dos seus próprios problemas, que provavelmente não está conseguindo resolver, em vez de olhar para outras direções".

Aumento de fluxo migratório da África

Segundo dados do Ministério do Interior italiano, cerca de 20 mil migrantes chegaram ao país europeu somente em 2023 – no mesmo período do ano passado haviam sido 6,1 mil. No último fim de semana, 1,2 mil migrantes chegaram às costas italianas.

O aumento do fluxo migratório é um grave problema para o governo da primeira-ministra ultradireitista Giorgia Meloni, eleito com base em uma plataforma firmemente anti-imigração.

Barco muito velho e sucateado cheio de pessoas. Na margem, policiais
Somente este ano, mais de 6 mil migrantes chegara às costas italianasFoto: Valeria Ferraro/AP Photo/picture alliance

No início deste mês, Meloni pediu aos colegas líderes da UE que fizessem mais para deter a imigração ilegal. Ela disse que quadrilhas criminosas e traficantes de pessoas não deveriam ser capazes de controlar o fluxo de migrantes e advertiu sobre a pressão sem precedentes do número de pessoas que tentam chegar à Europa.

Seu ministro da Defesa agora pediu à Otan que ajude a Itália a enfrentar o aumento das chegadas de migrantes.

"A Aliança Atlântica se torna mais forte se os problemas decorrentes de escolhas coletivas também forem compartilhados, mas corre o risco de rachar se os países mais expostos a retaliações de vários tipos forem deixados sozinhos", disse Crosetto.

Ele alertou que a "imigração descontrolada e contínua" tem o potencial de "atingir os países mais expostos, sobretudo a Itália, e suas escolhas geoestratégicas".

Recentemente, o Parlamento italiano aprovou uma polêmica lei que diz que navios humanitários podem realizar apenas um resgate por viagem ao mar, o que, segundo os críticos, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo central, considerado a rota mais perigosa do mundo usada por migrantes.

Após a aprovação da lei, em um naufrágio no fim de fevereiro, pelo menos 59 migrantes morreram na costa do sul da Itália.

le/cn (Lusa, AFP, DPA, Reuters)