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ConflitosIsrael

Israel declara estado de guerra

Publicado 8 de outubro de 2023Última atualização 8 de outubro de 2023

Netanyahu promete vingança contra Hamas e alerta que guerra, "imposta por ataque terrorista assassino", exigirá tempo. Segundo fontes oficiais, total de mortos dos dois lados passa de mil, além de mais de 4 mil feridos.

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Dois policiais diante de destroços de delegacia bombardeada em Sderot, sul de Israel
Delegacia bombardeada em Sderot, sul de IsraelFoto: Ronen Zvulun/REUTERS

O Gabinete de Segurança da Israel declarou formalmente neste domingo (08/10) estado de guerra, o que permitirá "medidas militares abrangentes". Segundo o governo, trata-se de uma guerra "imposta a Israel por um ataque terrorista assassino de Gaza."

Referindo-se aos ataques-surpresa do Hamas da véspera, em discurso televisado à nação o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu que derrotará o grupo radical islâmico, mas alertou que a guerra "vai levar tempo". O político conservador enfatizou que os eventos recentes foram algo "jamais visto em Israel" e jurou "vingança esmagadora por esse dia negro", chegando a todos os lugares onde o Hamas possa estar se escondendo.

Netanyahu disse considerar o grupo diretamente responsável pela segurança e bem-estar dos civis e soldados que mantém cativos, acrescentando que Israel "acertará contas com qualquer um que cause danos" a esses reféns. Segundo observadores, o sábado foi o dia mais sangrento do conflito israelo-palestino desde a guerra do Yom Kippur, 50 anos atrás. O grupo radical islâmico Hamas é classificado pela União Europeia e os Estados Unidos como terrorista.

Mesquita palestina destruída em Khan Younis, na Faixa de Gaza
Mesquita palestina destruída por represália israelense em Khan Younis, na Faixa de GazaFoto: Ibraheem Abu Mustafa/REUTERS

Barragem de milhares de foguetes

Soldados israelenses continuaram lutando contra combatentes do Hamas nas ruas do sul de Israel e lançando ofensivas de retaliação que destruíram edifícios em Gaza, enquanto no norte de Israel uma breve troca de ataques com o grupo militante libanês Hisbolá gerou temores de um conflito mais amplo.

Os combates resultam da reação de Israel ao ataque-surpresa sem precedentes deste sábado, partindo de Gaza, no qual combatentes do Hamas, apoiados por uma barragem de pelo menos 2.500 foguetes, romperam as cercas de segurança e invadiram comunidades próximas.

Os terroristas do Hamas raptaram civis israelenses, levando-os para o enclave costeiro de Gaza. por quem provavelmente tentarão negociar milhares de prisioneiros palestinos detidos por Israel. Os líderes do Hamas disseram estar preparados para uma nova escalada. Segundo o departamento de impressa do governo em Tel Aviv, são mais de 100 sequestrados, inclusive mulheres, crianças e idosos.

Alemanha expressa solidariedade

A mídia de Israel, citando autoridades dos serviços de resgate, estimou que pelo menos 700 foram mortos no país, incluindo dezenas de soldados, e há mais de 2 mil feridos.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou neste sábado que identificou um brasileiro ferido e dois desaparecidos após ataque do Hamas a Israel. Não há registros de brasileiros mortos até o momento.

A Alemanha expressou solidariedade a Israel no conflito, hasteando a bandeira do país entre a alemã e a da União Europeia, diante da sede do governo, a Chancelaria Federal em Berlim. Em Frankfurt, centenas foram às ruas em manifestação pró-Tel Aviv.

Bandeira de Israel entre a da União Europeia e a da Alemanha, diante da Chancelaria Federal, em Berlim
Bandeira de Israel entre a da União Europeia e a da Alemanha, diante da Chancelaria Federal, em BerlimFoto: Fabian Sommer/dpa/picture alliance&

Aos mortos e feridos, somam-se dezenas de indivíduos capturados em Israel e levados ao território de Gaza, sobre os quais não há informação de quantos morreram. Segundo uma autoridade militar israelense, centenas de militantes do Hamas foram mortos e dezenas, capturados.

O noticiário da TV israelense transmitiu uma série de relatos de parentes de israelenses cativos ou desaparecidos, que lamentavam e imploravam por ajuda em meio a uma névoa de incerteza em torno do destino de seus entes queridos.

Em Gaza, moradores deixaam suas casas perto da fronteira para escapar dos bombardeios de Israel, fugindo para o interior do território após alertas em árabe emitidos pelos militares israelenses. O Ministério da Saúde de Gaza registra mais de 400 mortos e 2.200 palestinos feridos, desde o sábado.

Retirada de moradores

O Exército de Israel anunciou neste domingo que pretende retirar todos os israelenses que vivem perto da Faixa de Gaza dentro de 24 horas. "Nossa missão é retirar todos os residentes que vivem ao redor de Gaza", disse o porta-voz militar Daniel Hagari a repórteres, acrescentando que os combates continuam para “resgatar reféns” mantidos por militantes em Israel.

No sábado, o Exército referiu-se a dois locais num raio de 20 quilômetros da fronteira de Gaza onde estavam detidos reféns. A mídia israelense informou que reféns foram libertados em Beeri e Ofakim, mas o Exército se recusou a fornecer detalhes.

Até a manhã do domingo, os militares israelenses atingiram 500 alvos do Hamas, incluindo a “infraestrutura militar do grupo, casas de comandantes e símbolos do regime do Hamas”, disse Hagari.  Ele disse que as forças israelenses assumiram o controle de pontos de onde militantes invadiram Israel vindos da Faixa de Gaza. "As forças mataram centenas de terroristas no terreno", disse ele, acrescentando que dezenas foram feitos prisioneiros.

Pessoas perto de prédio desabado, em imagem aérea
Prédio destruído por bombardeios israelenses em GazaFoto: Mahmud Hams/AFP via Getty Images

Ameaça do Hisbolá no norte

Os conflitos anteriores entre Israel e os governantes do Hamas em Gaza trouxeram destruição generalizada em Gaza e dias de lançamento de foguetes contra cidades de Israel.

A situação é potencialmente mais volátil agora, com a governo de extrema direita atingido pela violação de segurança sem precedentes e palestinos desesperados com uma ocupação sem fim na Cisjordânia e o bloqueio sufocante de Gaza.

Ataques na fronteira norte de Israel também ameaçam atrair a batalha contra o Hisbolá, um feroz inimigo de Israel que é apoiado pelo Irã e estima-se que tenha dezenas de milhares de foguetes à sua disposição. O Hisbolá disparou dezenas de foguetes e projéteis no domingo contra três posições israelenses numa área disputada ao longo da fronteira e os militares de Israel responderam usando drones armados.

av/md (AP, AFP, Reuters)