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Irã triplica estoque de urânio enriquecido

4 de março de 2020

Agência da ONU alerta que Teerã se aproxima da quantidade de material necessária para desenvolver armas nucleares, embora o país negue que tenha a intenção de fazê-lo, e denuncia bloqueio a inspeções em locais suspeitos.

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Agência da ONU alerta sobre nova violação do Irã do acordo nuclear de 2015
Agência da ONU alerta sobre nova violação do Irã do acordo nuclear de 2015Foto: picture-alliance/abaca/SalamPix

A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) denunciou nesta terça-feira (03/03) que o Irã quase triplicou a quantidade de urânio enriquecido desde novembro do ano passado, em uma nova violação do acordo nuclear de 2015.

A Aiea informou que o país se recusou a responder questionamentos sobre três locais suspeitos de desenvolverem atividades nucleares ou de armazenarem material nuclear. Segundo a agência, o país havia sido notificado em janeiro de que haveria inspeções em duas dessas instalações, mas Teerã bloqueou o acesso dos inspetores.

Um relatório da Aiea afirma que a agência pediu explicações ao Irã em três notificações diferentes sobre atividades nucleares não declaradas, mas as autoridades iranianas responderam apenas que o país "não se considera obrigado a responder a tais acusações".

A Aiea afirma que no dia 19 de fevereiro, o estoque de urânio de baixo enriquecimento do país era de 1.1 tonelada, em comparação com os 372.3 quilos registrados no dia 3 novembro de 2019. A quantidade armazenada aproxima o Irã da capacidade de produzir armas nucleares, enquanto o governo insiste que não têm a intenção de fazê-lo.

Segundo a Associação de Controle de Armamentos de Washington, para chegar à capacidade de produzir uma arma nuclear, o Irã necessitaria de 1.6 toneladas de urânio de baixo enriquecimento – com grau de pureza inferior a 5% - para então enriquecer esse material até um nível de mais de 90% de pureza.

O diretor geral da Aiea, Rafael Grossi, alertou que o fracasso do Irã em cooperar com a agência poderá levar o país a uma nova crise. Ele acusa Teerã de "limitar a capacidade da agência de fazer seu trabalho", e espera uma mudança de postura antes da reunião da Aiea na próxima semana, em Viena. "Estou simplesmente pedindo que eles cumpram com suas obrigações", afirmou.

O acordo nuclear de 2015, assinado entre o Irã, Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia, além da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos – que se retiraram unilateralmente do pacto em 2018 – estabelecia que o país poderia manter um estoque de, no máximo, 202.8 quilos.

O pacto, chamado de Plano Integral de Ação Conjunta (JCPoA, na sigla em inglês), promete o alívio de sanções econômicas em troca da redução e do controle sobre o programa nuclear iraniano. Entretanto, a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar seu país do acordo, seguida de um agravamento das tensões entre Teerã e Washington, comprometeram os esforços.

O Irã passou a realizar violações periódicas do JCPoA, numa tentativa de pressionar os demais países signatários a aumentar os incentivos econômicos, de forma a amenizar o impacto de pesadas sanções reimpostas pelos EUA após Trump decidir abandonar o acordo.

Até agora, porém, as violações iranianas não surtiram o efeito desejado. A Alemanha, França e o Reino Unido ativaram em janeiro um mecanismo de resolução de disputas que permite submeter conflitos envolvendo o acordo diretamente ao Conselho de Segurança da ONU, o que poderia resultar na revalidação imediata das sanções internacionais.

RC/ap/rtr

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