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FMI prevê crescimento global de 3,6% em 2022

19 de abril de 2022

Em janeiro, antes da invasão russa da Ucrânia, projeção era de crescimento de 4,4%. Conflito impactará negativamente economia de quase todos os países do mundo. Previsão sobre o Brasil, no entanto, tem leve melhora.

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Pessoas observam prateleira de congelados de um supermercado
Aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis prejudicará as famílias de baixa renda em todas as regiões do mundoFoto: Peter Kovalev/TASS/dpa/picture alliance

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira (19/04) projeções para a economia global em 2022 e 2023, com números fortemente impactados pelas consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Segundo o relatório World Economic Outlook (Perspectiva Econômica Mundial), o Brasil deve terminar o ano com um crescimento de apenas 0,8%. Embora seja um dos crescimentos mais baixos da região da América Latina e Caribe, a taxa brasileira representa um aumento em relação à previsão anterior ao conflito, que era de 0,3%.

Além disso, segundo o FMI, o Brasil deve terminar 2022 com inflação de 8,2% e desemprego de 13,7%. Para 2023, o crescimento previsto para o Brasil é 1,4% - a previsão anterior apontava 1,6%.

Ambas as projeções de crescimento são abaixo do previsto para a região da América Latina e Caribe, que é de 2,5% para ambos os anos, e do México, que é de 2% para 2022 e 2,5% para 2023.

De acordo com a análise do FMI, a economia mundial, que ainda se recupera dos impactos da pandemia de covid-19, agora sentirá os efeitos do conflito na Ucrânia. Em comparação com a previsão divulgada pelo FMI em janeiro, as projeções para o crescimento global foram revisadas de 4,4% para 3,6% para 2022 e 2023.

"Em questão de semanas, o mundo mais uma vez sofreu um enorme choque. Uma recuperação duradoura da pandemia estava à vista, mas a guerra eclodiu, possivelmente apagando os ganhos recentes", disse Pierre-Olivier Gourinchas, conselheiro econômico e diretor do Departamento de Estudos do FMI.

A perspectiva de médio prazo da economia foi revisada para baixo para todos os grupos de países, exceto para os de exportadores de commodities, que se beneficiam com a alta nos preços de energia e alimentos - caso do Brasil.

Agora, segundo o relatório do FMI, com os impactos da guerra, a produção agregada das economias avançadas levará mais tempo para retornar ao nível de tendência pré-pandemia.

 

No caso da Alemanha, o FMI prevê agora um crescimento de 2,1% em 2022, uma queda considerável em relação à previsão de janeiro, quando o fundo havia estimado crescimento de 3,8%. 

Forte queda na economia da Rússia

Como já era esperado, principalmente devido às sanções impostas pelo Ocidente a Moscou, a Rússia terá uma queda de 8,5% no PIB em 2022 e de 2,3% em 2023. A inflação deve ficar em 21,3% este ano.

A Rússia é um grande fornecedor de petróleo, gás e metais e, junto com a Ucrânia, de trigo e milho. A redução da oferta desses produtos básicos fez com que seus preços disparassem. Os importadores de commodities na Europa, Cáucaso e Ásia Central, Oriente Médio e Norte da África e região da África Subsaariana são os mais afetados. No entanto, o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis prejudicará as famílias de baixa renda em todas as regiões do mundo, incluindo as Américas e o resto da Ásia.

As grandes economias da zona do Euro também terão crescimentos baixos, fortemente influenciadas pela guerra na Ucrânia. A previsão para Alemanha é de aumento de 2,1% em 2022 e 2,7% em 2023, da França, de 2,9% e 1,4%, respectivamente, da Itália, de 2,3% e 1,7% e da Espanha, de 4,8% e 3,3%.

Além disso, o deslocamento de cerca de cinco milhões de ucranianos para países vizinhos, especialmente Polônia, Romênia, Moldávia e Hungria, agravará as pressões econômicas na região.

Alta da inflação

A inflação tornou-se um risco claro e iminente para muitos países. Mesmo antes da guerra, as taxas haviam subido por causa do aumento dos preços das commodities e dos desequilíbrios entre oferta e demanda. Agora, o FMI projeta que ela permanecerá elevada por muito mais tempo. Como exemplo, o FMI cita os Estados Unidos e alguns países europeus, que atingiram recordes em mais de 40 anos, em meio à escassez de mão de obra.

O FMI alerta em seu relatório, ainda, que os aumentos de preços de alimentos e combustíveis podem elevar significativamente as chances de agitação social nos países mais pobres.

O relatório também pondera que a "incerteza em torno dessas projeções é considerável, muito além do intervalo usual". Desta forma, o "crescimento pode desacelerar ainda mais e a inflação pode exceder nossas projeções se, por exemplo, as sanções forem estendidas às exportações russas".

O Fundo também destaca que "uma disseminação ininterrupta" do coronavírus pode dar origem a variantes mais letais capazes de escapar das vacinas, "causando mais bloqueios e interrupções na produção".

Segundo o FMI, mesmo antes da guerra, a inflação em muitos países estava subindo devido aos desequilíbrios de oferta e demanda e ao apoio político fornecido durante a pandemia, o que levou a um aperto da política monetária. Além disso, os recentes bloqueios na China devido ao coronavírus podem causar gargalos nas cadeias de suprimentos globais, impactando diversos países.

le (ots)