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Filho de testemunha do caso Odebrecht morre envenenado

14 de novembro de 2018

Arquiteto bebeu água de uma garrafa que estava na escrivaninha de seu pai, que havia morrido três dias antes, aparentemente de infarto. Autoridades investigam ambas as mortes.

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Sede da Odebrecht em São Paulo
Sede da Odebrecht em São PauloFoto: Reuters/P. Whitaker

O filho de uma testemunha-chave no escândalo de pagamento de propinas pela construtora Odebrecht na Colômbia morreu envenenado, revelou o resultado da autópsia divulgado nesta terça-feira (13/11). O arquiteto Alejandro Pizano Ponce de León morreu três dias depois de seu pai, Jorge Enrique Pizano, que foi auditor de uma obra feita pela empreiteira.

"Segundo o resultado da autópsia do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciência Forense, a causa da morte foi envenenamento com cianureto", informou em entrevista coletiva a vice-procuradora-geral da Colômbia, María Paulina Riveros.

Ponce de León, de 31 anos, veio da Espanha para participar do funeral de seu pai, que sofria de câncer e teria sido vítima de um infarto. No domingo, ele bebeu água de uma garrafa que estava escrivaninha do quarto de seu pai. Ele começou a passar e contou aos familiares que sentiu um gosto estranho na água. Ponce de León morreu horas depois num hospital.

Segundo a procuradora, havia cianureto dentro da tal garrafa de água. Os investigadores coletaram a bebida para realizar as análises correspondentes e detectaram a presença da substância. "Por causa dos fatos anteriores, a Procuradoria-Geral também abriu uma investigação penal para determinar porque essa substância estava na casa do pai da vítima", acrescentou Riveros.

O diretor do Instituto de Medicina Legal e Ciência Forense, Carlos Valdés, afirmou que a morte de Pizano, aparentemente por infarto, também será analisada pelas autoridades. Pizano tinha câncer linfático em estado avançado e foi encontrado morto no banheiro de sua casa na semana passada. Seu corpo foi cremado.

Pizano fez importantes revelações sobre o caso Odebrecht no país. Antes morrer, ele deixou uma entrevista gravada, exibida na segunda-feira pela emissora colombiana Notícias Um, na qual revelava que o procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, sabia do esquema de corrupção da empreiteira desde 2013, três anos antes de assumir o cargo. "Eu informei a ele que havia contratos irregulares", afirmou.

Em 2015, Pizano era responsável pelo controle financeiro da Rota do Sol 2, que liga o centro ao norte do país. Ele foi o auditor da obra. Na época, o atual procurador-geral era advogado do Grupo Aval, um grande conglomerado bancário que é sócio majoritário de uma das empresas vinculadas a essa obra. Segundo a Promotoria da Colômbia, a Odebrecht pagou mais de 28 milhões de dólares em propinas para garantir o contrato da Rota do Sol 2.

Martínez assumiu o cargo de procurador-geral em agosto de 2016. As investigações sobre os pagamentos de propina pela Odebrecht na Colômbia começaram na virada do ano seguinte, depois que o escândalo internacional veio à tona, revelado pelo Departamento de Justiça dos EUA.

Em comunicado, o procurador-geral afirmou que só soube que as descobertas de Pizano tinham ligação com as propinas pagas pela Odebrecht em 2017. Por estar impedido no caso, ele não atuou como promotor na investigação.

Martínez alegou também que Pizano levou a ele no segundo semestre de 2015 os resultados de investigações sobre contratos do consórcio Rota do Sol. No entanto, ao questioná-lo sobre a existência de corrupção, a testemunha-chave hesitou em fazer uma denúncia.

"Perguntei a Pizano se podia assumir que havia propinas, e ele me respondeu que não tinha certeza. Uma das hipóteses que ele contemplava era que se travada de propinas pagas a paramilitares. A dúvida explica a razão pela qual ele não apresentou denúncia alguma às autoridades", acrescentou o procurador-geral.

Em dezembro de 2016, a Odebrecht  admitiu a autoridades americanas o pagamento de cerca de 788 milhões de dólares em propinas em 12 países da América Latina e África, em mais de cem projetos – na maioria dos casos, obras públicas – realizados entre 2001 e 2014.

CN/efe/dpa

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